008-Jesus e a Igreja -Ensinos de Jesus Lição 08[Pr Denilson Lemes]16ago2022
LIÇÃO 8
JESUS E A IGREJA
TEXTO ÁUREO: “Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16.18)
LEITURA BÍBLICA: MATEUS 16.13-18
INTRODUÇÃO A palavra “igreja” é mencionada pouquíssimas vezes nos evangelhos, ao contrário do que ocorre em Atos e no restante do Novo Testamento. Contudo, isto não diminui o fato de que a realidade representada por esta palavra – qual seja, a congregação, assembléia, ajuntamento do povo de Deus, e o nosso relacionamento com aqueles que fazem parte dela – muitas vezes é o foco dos ensinamentos de Jesus. Na lição de hoje, consideraremos então algumas passagens onde o Senhor fala sobre a Sua igreja num aspecto mais geral e essencial, desvendando-nos sua origem, natureza e propósito.
I – O FUNDAMENTO DA IGREJA (MT 16.13-18) O ensino desta passagem é ocasionado pela pergunta de Cristo aos Seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem” – pergunta esta que, depois de respondida com as diferentes opiniões entretidas pela multidão, é dirigida diretamente aos doze: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Tomando a frente dos demais, ou falando em nome deles também, Pedro expressa plena convicção numa confissão que, embora concisa, inclui tanto o reconhecimento da missão de Jesus, ao chamá-l’O de Cristo – isto é, o Ungido para salvar e reinar sobre o povo de Deus (cf. Is 61.1-3; Sl 2.6); como da Sua natureza essencial, no título Filho de Deus – isto é, igual e um com o Pai, que saiu de Deus e voltaria para Deus, ao Qual todos os seres nos céus e na terra devem honrar assim como honram ao Pai (cf. Jo 1.18; 5.18, 23). Mas, se por um lado podia-se esperar dos discípulos uma resposta mais próxima da verdade do que da multidão, o Senhor destaca que nem mesmo eles chegariam à convicção expressa por essa confissão se Deus não tivesse revelado a eles a verdade acerca de Cristo Jesus (cf. Jo 14.9-11; Mt 11.27; 13.11-16). Tão importante é essa revelação de Cristo feita pelo Pai que ela é aqui comparada a um fundamento do qual depende a salvação de todos os homens e através da qual estes seriam reunidos em uma igreja – isto é, uma congregação cujos membros pertenceriam a Cristo por toda a eternidade (cf. Jo 17.3, 24). E é por causa desta confissão que Simão, muito antes, por ocasião do seu chamado, havia recebido o nome de Cefas (que é a forma aramaica de Pedro, cf. Jo 1.42); pois o Senhor faria dele o modelo de muitos que seriam agraciados com a mesma revelação e encontrariam em Cristo Jesus a segurança e firmeza de uma salvação eterna, podendo também ser chamados de pedras e assim, unidos pela fé comum, constituir a igreja, qual um edifício. A declaração: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” implica que, num sentido estrito, Jesus é essa pedra, porque Ele é o “objeto” da confissão, o fundamento seguro e inabalável que gera nos eleitos, que n’Ele crêem, a confiança e firmeza que então permite que também sejam chamados de pedras vivas (cf. 1 Pe 2.4-8; At 4.11-12; Ef 2.19-22). Consideremos então o que mais Jesus diz a respeito desta igreja, a começar pela propriedade da expressão “minha igreja”. Embora o mundo todo tenha sido feito por Ele, e uma nação em particular tenha sido escolhida para servi-l’O, tanto o mundo como eventualmente os judeus tropeçaram nesta pedra; apenas um “pequeno rebanho”, uma congregação reunida dentre os povos, foi eleita para crer nela e não ser confundida (cf. Jo 1.10-13; Mt 21.42-43; Lc 12.32). Notemos ainda que é Cristo que edifica a igreja, e não os homens; e isto Ele fez dando a Sua vida para resgatar do mundo aqueles que, a seu tempo, viriam a fazer parte dela (cf. Jo 11.51-52; Ef 2.13-16; 5.23; At 2.47). E, depois, pela ressurreição, Ele ainda cumpriu a profecia sobre a pedra eleita, rejeitada pelos edificadores, mas preciosa aos olhos de Deus, tornando-se o Cabeça de um corpo – isto é, a igreja – que, como Ele, não será retido pela morte na sepultura. Observemos que a expressão futura: “as portas do inferno não prevalecerão” aludem à constante oposição e resistência que a igreja encontrará enquanto estiver neste mundo, e que culminará na morte, mas que será finalmente vencida – como o último inimigo que resta – por ocasião da ressurreição do último dia (cf. Jo 6.39-40; 1 Co 15.20-23; Rm 8.31-39).
II – A AUTORIDADE DA IGREJA (MT 18.15-20) Dentre os diversos aspectos que caracterizam a natureza da igreja, a passagem proposta nesta seção destaca a sua autoridade ou poder. Não entraremos na questão do perdão, por já ter sido estudada em lição anterior. Aqui chamamos a atenção para o poder de julgamento da igreja sobre questões envolvendo os seus membros – algo que é esquecido ou ignorado por muitos, que preferem acorrer aos tribunais deste mundo (cf. 1 Co 6.1). Ora, a igreja possui tal autoridade porque, quando se expressam ou agem em resultado de uma unanimidade, os fiéis estão mais alinhados com a vontade de Deus e de Cristo, que quer que sejamos um (cf. Jo 17.20-21); do que se cada um agisse por conta própria, confiando no seu próprio juízo ou desprezando os irmãos (cf. Rm 12.16). O atar e desatar, ou ligar e desligar se referem a essa autoridade, pois a igreja pode admitir ou rejeitar um indivíduo da sua comunhão – e, consequentemente, da comunhão com o próprio Senhor – em função do arrependimento ou do pecado não confessado, reiterado ou impenitente, deste membro, desde que ela esteja agindo em concordância e em nome de Cristo e do evangelho (cf. Tg 5.16; 1 Co 5.3-5, 15). Na passagem paralela em Mt 16.19, a autoridade da igreja é considerada mais em relação ao mundo. A igreja recebeu a chave do reino dos céus, isto é, a palavra, que fornece acesso ao reino dos céus para os que estão de fora – do que Pedro, mais uma vez, foi escolhido pelo Senhor para ser aquele que primeiro fez uso dessa autoridade (cf. At 10.1-6, 44-48; 15.7). Se, por um lado, fechar o reino dos céus pode resultar da negligência no ministério da palavra, como foi o caso dos fariseus (cf. Lc 11.52); por outro, devemos considerar que, mesmo pregando fielmente, sempre haverá aqueles que rejeitarão o evangelho, e para estes a mesma palavra será a causa de serem privados do reino dos céus (cf. 2 Co 2.16; Jo 12.48).
III – A MISSÃO DA IGREJA (MT 28.16-20) A partir da autoridade recebida para ligar e desligar, tanto os que estão dentro como os que estão de fora, podemos considerar, ainda que em poucas palavras, a missão fundamental da igreja de Cristo. A passagem em epígrafe ilustra bem este tópico, pois nela temos tanto a razão como a natureza dessa missão confiada à igreja. Tendo sido ressuscitado e exaltado pelo Pai, o Senhor Jesus agora pode reivindicar formalmente todo o poder nos céus e na terra; e isto Ele faz através da Sua igreja, através da pregação do reino dos céus sendo levada a todos os povos, dos quais muitas almas são resgatadas do domínio do pecado e de Satanás e trazidas para a luz, assim expandindo o reino de Deus (cf. At 26.18; Cl 2.15; Ap 12.10). Na verdade, o tempo que resta até o fim dos tempos nada mais é que a proclamação da vitória de Cristo e o conclamar dos povos à sujeição ao Seu domínio universal, antes que Ele volte e julgue aqueles que não aceitam o Seu reinado (cf. Mt 24.14; 13.41). Eis então a missão da igreja: pregar o evangelho a todos, fazendo novos discípulos, agregando-os na comunhão dos fiéis pelo batismo, exortando-os à perseverança, repreendendo e corrigindo os faltosos, e combatendo tudo o que for nocivo à sã doutrina e prejudicial à unidade da fé e à paz entre os santos (cf. Mc 16.15; At 2.38-42; Hb 10.25; Cl 3.12-16).
CONCLUSÃO Fazer parte da igreja de Cristo é um privilégio inestimável, que não alcançamos por mérito, mas graças à revelação de Cristo em nossos corações – revelação esta que, se conservarmos fielmente até o fim, será o nosso fundamento, a rocha da nossa eterna e segura salvação.
PARA USO DO PROFESSOR
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