OO8-A Esperança daquele que teme a Deus - Eclesiastes Lição 08[Pr Nilson Vital]17mai2022
LIÇÃO 8
A ESPERANÇA DAQUELE QUE TEME A DEUS
TEXTO ÁUREO: “Ainda que o pecador faça mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus, aos que temerem diante dele.” (Ec 8.12)
LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 8.1-17
INTRODUÇÃO No presente capítulo de Eclesiastes, veremos como Salomão mais uma vez louva a Sabedoria, recomendando-a àquele que é tentado a seguir o caminho dos ímpios e a se iludir com a aparente prosperidade destes e os infortúnios que muitas vezes sobrevêm indiscriminada e imerecidamente aos justos na vida debaixo do sol. Ser sábio é considerar a vaidade de toda esta ordem de coisas, e esperar com fé e paciência em Deus, que não deixará escapar nenhuma injustiça, mas a seu tempo punirá os ímpios e recompensará os que O temem.
I – SUBMISSÃO À AUTORIDADE (VV. 1-7) Renovando o louvor à sabedoria já registrado no capítulo anterior, o pregador resume em poucas palavras a sua preciosidade e raridade entre os homens (“quem é como o sábio”), ao mesmo tempo em que ela representa o bem mais precioso que se pode obter debaixo do sol. O homem sábio é capaz de discernir e entender os tempos e o modo das coisas, e isto o torna mais agradável, útil e desejável por aqueles que o cercam; assim como, apesar de estar sujeito às mesmas privações, frustrações e vicissitudes que o tolo, somente o sábio é capaz de manter-se de tal modo que a dureza da vida terrena não faça o seu rosto (isto é, o seu modo de agir) igualmente duro e rude. Segue-se então uma recomendação à sujeição à autoridade humana, aqui representada pelo rei, como uma demonstração de sabedoria por parte daqueles sobre os quais a Providência Divina o constituiu. As leis estabelecidas pelos governos humanos devem ser obedecidas não apenas porque aqueles que estão no poder têm de fato meios de fazê-las serem cumpridas, mas também porque, se visam à ordem e à promoção do bem, da justiça e da paz entre os homens, e punem o mal e a injustiça, elas agem de acordo com a vontade de Deus, e nossa consciência para com Ele deveria nos constranger a cooperar com os Seus ministros (cf. Rm 13.1-5, 6-7). Por sua vez, o sábio não apenas se submete às autoridades como também sabe quando e como reivindicar algum direito Seu ou se posicionar pelos ditames da sua consciência – enfim, como cumprir seus deveres para com os homens – de tal modo que não enfrentará os males consequentes da desobediência ou oposição à autoridade (cf. Mt 17.24-27). E, como já vimos em lição anterior, saber o tempo e o modo de todas as coisas é uma das chaves para viver com contentamento e paz nesta terra, pois, do contrário, o homem será sempre surpreendido pelo futuro imprevisível debaixo do sol, que em grande medida traz males e angústias sobre si.
II – A INJUSTIÇA DESTE MUNDO É PASSAGEIRA (VV. 8-14) Salomão não ignora que mesmo entre aqueles que estão em posição de autoridade ocorrem injustiças e abuso de poder, para prejuízo daqueles que nada fizeram de mal. Contudo, como também já havia considerado em capítulos anteriores, a natureza do poder é a mesma de tudo o mais que se faz debaixo do sol: ele é passageiro. Ainda que governantes possam controlar e oprimir a vida de seus súditos, eventualmente esse poder será limitado pela morte, que não pode ser resistida, e que leva tanto súditos como reis e príncipes, mesmo os mais cruéis e tirânicos (cf. Sl 89.48; 146.3-4). Sob esta consideração, o pregador passa a alistar os males relacionados ao governo dos homens, a começar com o fato de que um governante pode ocupar sua posição de autoridade e, ao invés de ser ministro de Deus para o bem dos seus súditos, servir de desgraça para os mesmos. Ocorre também que muitas vezes o ímpio não apenas é acobertado em suas injustiças e assim a justiça é sufocada, mas seus feitos também são exaltados e, depois de morto, ele ainda é lembrado; enquanto as obras do justo e daquele que teme a Deus – “os que fizeram bem e saíam do lugar santo” (isto é, do templo) – são desprezadas e, depois de morto, ele é esquecido pela sociedade. Salomão volta a refletir que a demora em se fazer justiça por parte dos governos humanos, o que aparentemente leva o ímpio a desfrutar de impunidade, quando não a escapar completamente do castigo dos seus crimes nesta vida, representa uma tentação para os homens, inclinando-os mais facilmente ao mal. Contudo, o pregador retoma o tema do seu escrito, que é apontar a vaidade de todas estas coisas, e que a aparente prosperidade dos ímpios não é exceção; e então afirma sua convicção de que não somente o ímpio terá um fim assim como o justo, mas seu fim será mau, ao passo que o do justo será bom, porquanto Deus contempla a ambos e considera aqueles que O temem. Aqui Salomão já adianta a mensagem conclusiva do livro, de que, no fim de tudo, o que realmente contará é se o homem andou em temor diante de Deus. Quanto às contrariedades do mundo em relação à justiça, e até mesmo à inversão de valores, onde o justo é tratado como ímpio e o ímpio, como justo, podemos descansar sobre a verdade firmemente estabelecida nesta Escritura de que isso também é vaidade e um dia passará, e a diferença entre o justo e o ímpio, e se tornará patente o incomparável ganho daquele que temeu ao Senhor em comparação àquele que por sua impiedade perderá até o que parecia ter (cf. Is 3.10-11; Ml 3.14-18; Sl 37.1-2, 9-11).
III – CONTENTAMENTO E CONFIANÇA NA FIDELIDADE DE DEUS (VV. 15-17) A conclusão a que o sábio pregador chega nestes últimos versos em relação às suas últimas reflexões não parece ser diferente do que havia expressado em outras passagens já estudadas; mas aqui as razões para desfrutar do bem, da alegria proporcionada pelo fruto do seu trabalho, segundo a dispensação divina, recebem o argumento adicional de que “isso o acompanhará nos dias da sua vida”. Não importa se, como justo, ele foi tratado injustamente; nenhuma adversidade privará aquele que for sábio de sua porção de alegria debaixo do sol. Consciente de que tudo isto foi dado por Deus, a alegria a que Salomão se refere aqui certamente inclui gratidão pela bondade e contentamento pela certeza do cuidado de Deus, que não se esquece dos Seus quando estes são esquecidos ou rejeitados pela sociedade. Como em outra ocasião, aqui ele repete ter investigado as razões por trás da aparente prosperidade do ímpio, na tentativa de tranqüilizar sua mente ao descobrir a justiça de Deus na presente situação debaixo do sol. Contudo, ele não obteve as respostas que desejava, e tampouco aquele que depois dele se lançasse a esse empreendimento deveria esperar obtê-las nesta vida. Sim, Deus é justo e não admite a impiedade, nem deixará de puni-la; mas nossa confiança na Sua fidelidade deve nos fortalecer para aguardarmos esse dia, e, nas palavras do apóstolo, a presente era, ainda que breve em vista da eternidade, é o tempo que Deus propôs para exercer Sua longanimidade, a fim de alguns sejam salvos (cf. 2 Pe 3.9).
CONCLUSÃO No capítulo que ora estudamos, vimos como o sábio rei de Israel estabelece o temor a Deus como o fator decisivo em lidar com a grande vaidade que é esta vida e tudo o que nela há. Sem o senso da justiça e bondade perfeitas do Criador, é impossível não chegar à mesma conclusão que muitos, frustrados e decepcionados com a vida, chegam, de que nada faz sentido. Mas a vida debaixo do sol faz sentido, quando contemplada à luz do governo soberano de Deus, e de um juízo, e de um desígnio sábio elaborado por aqu’Ele que tem pensamentos de paz a respeito dos que O temem.
PARA USO DO PROFESSOR
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