010-Os males da tolice - Eclesiastes Lição 10[Pr Nilson Vital]31mai2022
LIÇÃO 10
OS MALES DA TOLICE
TEXTO ÁUREO: “E, até quando o tolo vai pelo caminho, lhe falta entendimento, e diz a todos que é tolo.” (Ec 10.3)
LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 10.1-15
INTRODUÇÃO O capítulo que estudaremos nesta lição apresenta um conteúdo em estilo proverbial, reunindo diversos conselhos e ensinamentos sobre a sabedoria em áreas da vida onde, pelas suas atitudes, os homens geralmente demonstram ser guiados pela loucura e presunção. Ainda neste capítulo, o propósito do pregador é recomendar a sabedoria como a nossa melhor salvaguarda contra muitos males que há debaixo do sol.
I – O SÁBIO REJEITA A TOLICE EM TODAS AS COISAS (VV. 1-7) Consideremos a reflexão sobre a diferença e valor incomparáveis da sabedoria em relação à loucura, tolice ou estultícia, expressa nestes primeiros versos: a sabedoria torna o que a possui honrado aos olhos de outros homens, como já consideramos na lição anterior, e aqui o escritor compara essa fama honrosa a um perfume. Por outro lado, o tolo é desprezado e desonrado pelos que o conhecem. Mas o sábio deve ter cuidado até com as menores atitudes e palavras, pois a natureza da tolice ou estultícia é tal que, como uma mosca minúscula que inutilizaria todo um frasco de ungüento ou perfume, assim também um pequeno ato leviano pode por a perder toda a sabedoria pela qual ele é conhecido (cf. 1 Ts 5.22). Além disso, enquanto o sábio pondera e pensa muito bem antes de agir, para que possa agir com força e poder, e da melhor forma (este é o sentido de ter o coração à sua direita), o tolo age sem pensar e pelo impulso do momento, por isso sua obra é instável e fraca – mas nem por isso é menos conhecido por sua tolice do que o sábio pela sabedoria. De fato, ao contrário do que ocorre com o sábio, nenhuma demonstração pontual de sabedoria mudará a fama do tolo, cujo coração e a boca estão sempre prontos para agir de acordo com a sua natureza incorrigível. Em seguida, Salomão faz uma recomendação geral à submissão às autoridades, mesmo quando estas agem de acordo com seus instintos e paixões, ou, sem causa justificada, se levantam contra nós; o caminho não é o súdito agir com igual insensatez e se revoltar, abandonando seus deveres, mas sim demonstrar a disposição em se submeter ao superior, possibilitando o diálogo e o acordo pelo qual o governante fique satisfeito e assim haja paz para o súdito (cf. Pv 15.1; 25.15). Estar em posição de autoridade não significa ser sábio, mas pelo contrário, dentre os males que há debaixo do sol, um deles é a inversão de mérito e valor muitas vezes praticada pelos governantes, dando honra aos que não a merecem.
II – O SÁBIO ESCAPA DE MUITOS MALES (VV. 8-11) Segue-se uma série de provérbios aplicando, de forma figurada, a lição principal firmada nos versos anteriores, de que o sábio age com prudência e não por impulso ou malícia, que poderão resultar em prejuízo para si mesmo: cavar uma cova faz referência a perigos ou males que alguém procura causar contra o próximo, de tal forma que ele seja apanhado de surpresa, ou desprevenido; romper um muro é ultrapassar os próprios limites e imiscuir-se ou mesmo apropriar-se dos negócios alheios; acarretar pedras alude a remover de lugar aquilo que já está estabelecido, alterar a ordem, os acordos e as leis. Rachar lenha é perigoso tendo em vista o que o pregador diz no verso seguinte, que, se o ferro do machado estiver embotado e não afiado, o lenhador terá de aplicar mais forças, podendo se acidentar com a ferramenta. Isto vale para qualquer atividade, e aqui se percebe que o tolo é aquele que não se prepara para o que deseja fazer (não afia suas ferramentas), por isso está sujeito ao fracasso e às conseqüências de uma obra realizada precipitadamente e sem perícia nenhuma. O último provérbio desta nossa divisão do texto é muito interessante, pois, assim como os anteriores, faz uma alusão figurada a alguém que pode nos causar algum mal (como o governante cujo espírito se desperta contra o súdito), mas que ainda pode ser encantado; o sábio procurará fazer isso a tempo para que tenha como amenizar os efeitos da “picada” ou até mesmo não sofrer tudo o que o seu adversário estava disposto a fazer contra ele.
III – A TOLICE E OS SEUS MALES (VV. 12-20) O assunto destes últimos versos passa a ser os males representados pela tolice, a começar pelas palavras do tolo. Enquanto as palavras do sábio, mesmo sendo poucas, beneficiam os ouvintes com favor e graça, as do tolo são prejudiciais e destrutivas, e denunciam que ele é tolo do começo ao fim, pois “o princípio das palavras da sua boca é estultícia, e o fim ... um desvario péssimo”. Apesar de todo o barulho e superabundância de palavras, o tolo é imprevisível em seus propósitos e planos, e toda a sua obra parece desgastante e infrutífera para si mesmo, pois não faz nada usando de prudência e planejamento. Até as coisas mais fáceis e óbvias, como ir à cidade, o tolo torna em tarefas difíceis, se não impossíveis. Nos versos 16 e 17, a mesma aplicação é feita em relação aos que estão em posição de autoridade, pois, segundo a natureza do seu modo de governar, assim os seus súditos padecerão as conseqüências da sua tolice, tendo que arcar com os gastos desnecessários ou inúteis; ou serão felizes e se beneficiarão de um governo sábio, prudente, que trabalha pelos seus súditos. O pregador ainda expõe os males provocados pelo comportamento do tolo, cuja preguiça e negligência são evidenciadas pela decadência dos bens depositados aos seus cuidados (cf. Pv 24.3). O verso 19, por sua vez, parece um provérbio mais ou menos isolado em relação ao contexto imediato, mas ainda refletindo a percepção do homem comum, que vive para as vaidades que há debaixo do sol, e para o qual tudo se resume às reuniões sociais, à alegria passageira produzida por coisas tais como o vinho, e ao aparente poder de aquisição e resolução de todos os problemas do dinheiro. Sem dúvida, percebendo as coisas assim, o tolo tende a amaldiçoar o rei e os ricos por serem os únicos que desfrutariam plenamente dos bens desta vida. Mas aqui o pregador aconselha a não nutrirmos qualquer desejo de traição ou infidelidade contra tais pessoas, pois de formas imprevisíveis e surpreendentes, assim como de forma muito mais fácil do que possamos imaginar, um sentimento contra o próximo pode se tornar manifesto, e isto seria para nossa própria infelicidade.
CONCLUSÃO Embora as conseqüências das atitudes do tolo sejam muito bem evidenciadas pelo sábio pregador, a verdade é que somos facilmente tentados a agir com estultícia e precipitação nas mesmas situações, levados pela aparência do mundo debaixo do sol. Lembremos sempre que a sabedoria recompensa aqueles que a nutrem em seu coração e andam nos seus caminhos, livrando-os de muitos males e sofrimentos e permitindo-lhes desfrutar dos bens desta vida com verdadeiro contentamento e alegria.
PARA USO DOS PROFESSORES
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