006-A incerteza das riquezas e da condição humana - Eclesiastes Lição 06[Pr Nilson Vital]03mai2022


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LIÇÃO 6 

A INCERTEZA DAS RIQUEZAS E DA CONDIÇÃO HUMANA 

TEXTO ÁUREO: “Seja qualquer o que for já o seu nome foi nomeado, e sabe-se que é homem e que não pode contender com o que é mais forte do que ele.” (Ec 6.10). 

LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 6.1-12 

INTRODUÇÃO Salomão continua a falar sobre a pobreza e a riqueza, provando a vaidade dessas condições frente à limitação do dinheiro, tanto naquilo que o homem é capaz de obter com ele como na incerteza da sua posse, e neste capítulo encerrará sua reflexão sobre a vaidade do dinheiro e dos bens materiais, considerando que a condição do homem permanece a mesma independente de qualquer mudança na sua sorte material, já que ele nada pode fazer para mudar sua condição intrínseca neste mundo. 

I – O USUFRUTO DA RIQUEZA (VV. 1-6) Os diversos males e frustrações trazidos pela busca das riquezas, em contraste com o sossego daquele que se acomoda à porção que obtém como fruto do seu trabalho, sem nada cobiçar, mas contentando-se com as alegrias proporcionadas pelo que tem, já foram tema do discurso do pregador em capítulos anteriores. As riquezas são instáveis e aquele que as possui está particularmente sujeito a desventuras tais como juntá-las para que um estranho possa gastá-las, ou vê-las se perderem por algum evento imprevisível. Tudo isto é causa de desconforto e inquietação para os que se dedicam a acumular riquezas. Salomão reflete que não há, portanto, outro benefício nos bens materiais além de ser capaz de desfrutá-los, quer sejam poucos, ou muitos, e para isto não é necessário ser rico nem pobre, mas apenas contar com a bondade de Deus que concede tal desfrutamento como um dom. Pois agora o pregador considera a mesma questão sob o aspecto de que, mesmo quando as riquezas são alcançadas de forma lícita, segundo a provisão divina para com o homem, isto não significa necessariamente que com elas venha a capacidade de desfrutá-las. E o caso daquele que não pode se alegrar com o que possui é de uma grande infelicidade. Ter poder para usufruir das riquezas, da honra e de qualquer outra "comodidade" ou "benefício" debaixo do sol também é dom de Deus, mas geralmente aqueles que possuem tais coisas incorrem no erro de ocupar suas mentes com a ambição de ampliar ou aumentar aquilo que já possuem, e isso os leva a não disporem de tempo, nem verem oportunidade para se contentar com a sua porção, que já é grande. Por isso ressaltamos novamente a importância da gratidão e de uma mente voltada para Deus na consideração de tudo aquilo que possuímos, e a falta desse reconhecimento é propriamente castigada com permanente descontentamento e incapacidade de enxergar a possibilidade de se alegrar com o que já se possui (cf. 1 Tm 6.6, 17-19). Salomão compara então a infelicidade da sorte daqueles cujas vidas foram despendidas na busca das riquezas ou em ampliar o seu poder, e não puderam se satisfazer com o bem, como sendo pior que a de um aborto, isto é, de um nascimento prematuro que não resistiu para ver a luz do sol. Notemos que ele não está negando o valor e a importância da vida, apenas dizendo que a condição de alguém que nunca veio ao mundo ainda é melhor que a de alguém que veio e não "aproveitou", por assim dizer, as verdadeiras oportunidades da vida. Um abortivo não conheceu essas felicidades, mas também não experimentou as frustrações que sobrevêm repentinamente para encerrá-las, tampouco deixa de experimentá-las pela falta de sabedoria demonstrada pelos que não desfrutaram do bem quando podiam. De um ponto de vista daquele que vê seu limite debaixo do sol, até mesmo na morte o primeiro leva vantagem sobre aquele que veio ao mundo, pois este o deixa do mesmo modo, mas sob uma infelicidade que o abortivo jamais terá experimentado.

II – O ANSEIO INSACIÁVEL DO HOMEM (VV. 7-9) Outra forma de considerar a inutilidade da busca das riquezas, e como isto representa a vaidade de tudo aquilo que se faz debaixo do sol e em que o homem insensatamente se aplica todos os dias da sua vida; o sábio pregador reflete que o desejo de riquezas existe em razão das necessidades mais básicas de sobrevivência: "Todo trabalho do homem é para sua boca". É essencialmente por esta razão que o trabalha (Gn 3.19), mas é uma necessidade para a qual não apenas o rico pode suprir com sua fortuna. Assim como o rico, o pobre também é capaz de obter saciedade e se alegrar com o fruto do seu trabalho; contudo, por simples vaidade e falta de reflexão, o homem é impulsionado a buscar sempre mais e além do que já possui, como se fosse capaz de fazer algo mais com o fruto dos seus esforços do que simplesmente suprir suas necessidades mais básicas (Mt 6.27), mas nunca mudar sua verdadeira condição. E que isto todos sabem, e vivem de acordo, de modo que o sábio nada acrescenta à sua condição em relação ao tolo – conforme já explicado, um morre assim como o outro, e todos vão para o mesmo lugar. Portanto, conclui o pregador, é melhor desfrutar daquilo que se possui no presente – “melhor é a vista dos olhos” – do que se perder numa busca sem fim, num vaguear motivado pela cobiça que nunca permitirá ao homem desfrutar daquilo que possui no presente, mas sempre adiará o momento do seu contentamento para um futuro que ele jamais alcançará. 

III – O IMPASSE DA EXISTÊNCIA DEBAIXO DO SOL (VV. 9-12) As considerações finais de Salomão para este capítulo parecem bastante negativas, ou de um completo desprezo pela condição humana debaixo do sol. Seu propósito, porém, não pode ser o de nos abandonar ante uma perspectiva desesperada, mas, sabiamente, através de suas indagações ele quer nos incentivar a elevar nossos olhos para além desse quadro e nos fazer perceber que o homem se encontra em um impasse, do qual só sairá quando se voltar para o seu Criador. Assim, independente do que for o homem nesta existência – rico ou pobre, sábio ou tolo, solitário ou não, de muitos ou poucos anos de vida – ele deve saber que sua sorte já foi determinada: “já o seu nome foi nomeado”; não por uma “fatalidade do destino”, mas por Deus, que também designa o tempo de todas as coisas – como já explicado no capítulo 3. É uma atitude vã descontentar-se com a própria condição, pois isto é opor-se a Deus, que é sábio e determina todas as coisas no seu tempo, e sustenta a todos independente do que são ou possuem. Contender contra isto é contender contra o próprio Criador, que dispõe todas as coisas tais como são. Além disso, o fato é que a condição humana é intrinsecamente algo de que poderíamos facilmente nos descontentar, independente do que fizermos para “melhorá-la”, pois muitas são as vicissitudes que nos fazem lembrar de que somos homens e as coisas consideradas bens e ideais para muitos poderiam ter o seu valor questionado por aqueles que as alcançaram apenas para descobrir que suas frustrações apenas mudaram de razões e objetos. A vida debaixo do sol é algo incerto e do qual não podemos ter nenhuma certeza – ninguém é capaz de a declarar, ou seja, de garantir para nós o que haverá de ser. 

CONCLUSÃO As lições do pregador neste capítulo devem nos levar a uma reflexão mais profunda sobre a fragilidade da vida e a incerteza de qualquer condição em que possamos nos considerar satisfeitos e contentes, e a considerar as desventuras de outros, bem como as nossas, como sinais deixados por Deus para que não nos esqueçamos da vaidade que há debaixo do sol. 

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA 
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
APOIO 
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