005-O Dia da Purificação - Levítico Lição 05[Pr Afonso Chaves]27out2020
LIÇÃO 5
O DIA DA EXPIAÇÃO
TEXTO ÁUREO: “Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o Senhor” (Lv 16.30).
LEITURA BÍBLICA: LEVÍTICO 16.11-19
INTRODUÇÃO Na lição de hoje, estudaremos o significado do Dia da Expiação. Mais do que uma das várias solenidades comemoradas por Israel, este dia condensa uma mensagem presente em todo o rito levítico, pois nele se proclamava todos os anos, de modo solene e extraordinário, que Israel havia pecado e que Deus havia provido uma expiação pelo pecado. Sendo desnecessário nos demorar nos detalhes do ritual, procuraremos apontar o significado e as implicações da instituição terrena para o antigo Israel e como o propósito de Deus, velado nesta instituição, se cumpre hoje sob o evangelho da graça.
I – O RITUAL E A INSTITUIÇÃO DO DIA DA EXPIAÇÃO (LV 16) Os capítulos 11 a 15 parecem constituir um parêntese entre o trágico evento relatado no capítulo 10, envolvendo os dois filhos de Arão, e a passagem que agora se nos apresenta. A fim de evitar que a temeridade de Nadabe e Abiú se repetisse, o Senhor já havia ordenado a Arão e seus filhos que não ingerissem vinho nem bebida forte antes de entrarem no santuário – certamente para que pudessem exercer suas funções sacerdotais com toda a sobriedade e cuidado devidos à santidade das coisas de Deus. Mas agora estamos diante de uma orientação sobre quando e como poderia Arão – e somente ele, na condição de sumo sacerdote, entrar no santuário, ou seja, “para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca” (v. 2). Como Nadabe e Abiú haviam trazido fogo estranho “perante a face do Senhor”, isto poderia sugerir uma gravidade ainda maior na transgressão que haviam cometido; mas, seja como for, a imposição de uma limitação ao sacerdócio araônico no seu acesso à presença de Deus dificultaria a ocorrência de uma profanação ainda mais grave, assim como também testemunharia a ineficácia e limitações desse ministério, prenunciando a vinda de um maior e mais perfeito sacerdócio. Pela ordem do texto, primeiro o Senhor prescreve o ritual a ser seguido por Arão quando entrasse no santo dos santos, e depois define uma data anual para esse evento, como um “estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês” (v. 29). Assim, juntamente com a Páscoa, os Asmos, o Sábado e outras festas solenes que ainda seriam instituídas, o Dia da Expiação tornou-se uma das solenidades do Senhor, cujo aspecto “comemorativo”, com a participação de todo o povo, deixaremos para uma análise posterior (no estudo do capítulo 23). Mas, voltando-nos para o rito sacerdotal, a primeira coisa a se observar é que nesse dia, como nos demais, também eram oferecidos sacrifícios de expiação pelo pecado e de holocausto, tanto por Arão, o sacerdote, como pelo povo. Outro aspecto importante é que tanto o sangue da expiação pelos pecados do sacerdote como o da expiação pelos do povo devia ser trazido ao santíssimo (vv. 11-14, 15-16) – o que nos permite afirmar que o sacerdote entrava ali duas vezes, sem contradição com o entendimento de que isto ocorria em uma única ocasião ou evento (cf. Hb 9.6-8). Notemos ainda que, cumprido o rito envolvendo a expiação dos pecados no recinto mais sagrado do Tabernáculo, o sacerdote podia oferecer os sacrifícios de holocausto, tanto por si mesmo como pelo povo, seguindo o rito já instituído para as ofertas ao Senhor (vv. 23-25).
II – A IMPORTÂNCIA DO SANGUE NA EXPIAÇÃO (LV 17) Em conexão com a instituição de um dia solene para expiação dos pecados, o Senhor estabelece ordenanças gerais quanto à realização de sacrifícios de qualquer natureza e quanto ao uso do sangue pelos filhos de Israel. Naquela dispensação, o tabernáculo representava o local exclusivo onde Jeová vinha se encontrar com Israel para receber adoração e dispensar as bênçãos da comunhão divina. Qualquer israelita que apresentasse sua oferta em outro lugar que não “à porta da tenda da congregação, diante do tabernáculo do Senhor”, estaria incorrendo em apostasia, desviando-se literalmente da presença do Senhor e voltando-se para outros deuses – de fato, demônios – como o faziam os demais povos que sacrificavam aos seus ídolos (v. 7; cf. 1 Co 10.19-20). E notemos que, mesmo quando Israel se dispersou por toda a extensão da terra de Canaã, afastando-se do local do tabernáculo, aqueles que temiam ao Senhor envidaram esforços para cumprir esta lei, ao passo que os ímpios procuraram, conforme suas conveniências, “relaxar” essa lei, mas para sua própria reprovação (cf. 1 Sm 1.3; 2 Cr 11.13-17). Nesta passagem também encontramos pela primeira vez expressa a importância do sangue para a expiação dos pecados – embora essa sua utilidade já estivesse implícita nos sacrifícios oferecidos e aceitos por Deus desde o princípio, conforme já ressaltado em lições anteriores. “Porque a alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma” (v. 11) é uma palavra que expressa a alma do sistema levítico, que em todos os seus rituais buscava agradar, propiciar ao Deus Todo-poderoso; e apresentava, como reparação à ofensa e como purificação da contaminação causadas pelo pecado, o sangue da vítima inocente, misericordiosamente aceito em lugar da vida do próprio ofensor. Ao mesmo tempo, proibindo o uso do sangue como alimento, essa ordenança reflete o caráter sagrado da vida, que pertence a Deus e sobre a qual somente Ele tem direito de dispor como quiser – esse direito sendo simbolicamente reconhecido no derramar do sangue e cobrindo-o com o pó da terra.
III – A EXPIAÇÃO DOS NOSSOS PECADOS PELO SANGUE DE CRISTO JESUS Não é necessário muito esforço para vislumbrar no Dia da Expiação uma maravilhosa mensagem acerca da redenção dos nossos pecados no sacrifício de Cristo Jesus. E esse dia não devia ser menos maravilhoso para o israelita daqueles tempos: se a Páscoa apontava para a salvação passada – isto é, o livramento da destruição e do cativeiro – provida pelo sangue de um cordeiro inocente; o Dia da Expiação apontava para a salvação presente e futura, lembrando ao povo que o pecado continuava sendo uma realidade, e apontando anualmente as riquezas da misericórdia e graça de Deus em suportar as iniquidades de Israel e finalmente perdoá-las graças à expiação pelo sangue oferecida nesse dia. Por outro lado, assim como os demais ritos da ordem levítica, o verdadeiro propósito do Dia da Expiação está mais nas verdades espirituais que insinuava, prefigurava e incutia no coração dos fiéis do que por uma real eficácia espiritual. E uma dessas lições é que o acesso a Deus, sob aquele concerto, devia ser restrito e breve – somente o sacerdote, uma vez por ano, como que “levava” o povo até a presença de Deus para serem aceitos, mas logo devia trazê-los de volta para fora, não podendo ali permanecer. Outra lição é que o sangue de animais é ineficaz para expiar os pecados de seres mais valiosos para Deus, a saber, vidas humanas – daí sua repetição diária e em grande número, servindo mais como uma expressão da consciência de pecado por parte do ofertante e um apelo a Deus para que o perdoasse. Tudo isto prenunciava, portanto, a ordem inaugurada por Cristo Jesus que, designado por Deus como nosso sumo sacerdote e nosso sacrifício, cumpriu o rito da expiação, não segundo a ordem levítica, mas segundo a verdade, a realidade das coisas de Deus. Tendo oferecido uma vez, a seu tempo, o Seu próprio sangue na cruz do Calvário, pela ressurreição subiu aos céus e entrou no verdadeiro santuário, e nós com Ele, de tal modo que o véu foi retirado e nós, pela fé, podemos ter entrada e permanência eterna na presença do Pai (cf. Hb 9.6-15, 10.1-14, 19-23).
CONCLUSÃO Hoje o acesso a Deus está livre e aberto para nós; confiemos na graça e intercessão eficaz de Cristo em nosso favor e, com humildade e ao mesmo tempo ousadia, aproximemo-nos de nosso Pai, que está pronto para nos receber, nos ouvir e nos manter junto de Si sempre.
PARA USO DO PROFESSOR
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