007-Prolonga-se a caminhada no deserto- Lição 07[Pr Afonso Chaves]14GO2024
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LIÇÃO 7
PROLONGA-SE A CAMINHADA NO DESERTO
TEXTO ÁUREO: “Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais o vosso coração, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, me provaram e viram, por quarenta anos, as minhas obras.” (Hebreus 3.7-9)
LEITURA BÍBLICA: NÚMEROS 14.26-38
INTRODUÇÃO Chegamos a um dos episódios mais terríveis narrados no livro de Números, onde o destino de toda uma geração do povo de Deus foi determinado a partir de um único, mas terrível, ato de incredulidade e rebeldia, cujo castigo repercute nas Escrituras Sagradas como figura da apostasia e alerta contra o perigo da incredulidade. Na lição de hoje estudaremos como aqueles israelitas chegaram a essa manifestação atroz de rebeldia contra o Senhor, e as lições importantes que podemos extrair desse acontecimento e de seus desdobramentos para nossa instrução.
I – OS ESPIAS SÃO ENVIADOS À TERRA Poderíamos começar uma análise deste fatídico episódio investigando a razão da própria “ordem de Deus” de espiar a terra de Canaã. Os israelitas achavam-se acampados no deserto de Parã, mais precisamente em Cades-Barneia, nos termos da terra à qual estavam prestes a entrar para possuir em herança. Ora, depois de ter libertado o Seu povo do Egito sob a promessa de levá-los até uma terra que mana leite e mel, e depois de ter oferecido todas as garantias de que os acompanharia ao longo da viagem até fazê-los herdar a terra prometida, por que o Senhor ordenaria que espias fossem enviados à frente do povo – e da própria nuvem que os guiava e os protegia – a ver “que terra é”, se o povo que nela habitava era “forte ou fraco, se pouco ou muito”, e até mesmo se a terra era “boa ou má”?! Pelo contrário, o que o Senhor havia ordenado, nesta ocasião, era que Israel subisse a conquistar, sem medo, a terra que se achava diante de si; mas, ao invés de confiar na palavra Deus, o povo pediu que espias fossem enviados – ao que o Senhor apenas assentiu, determinando que fosse enviado um maioral de cada tribo (Nm 13.1-3, 17-20; cf. Dt 1.19-23). Moisés certamente não tinha nenhuma dúvida sobre a qualidade da terra, nem preocupação com o número e a força do povo que nela habitava, mas a proposta do povo lhe pareceu boa, talvez por considerar que um relato feito por aqueles que viram com seus próprios olhos a terra poderia animar os israelitas, cuja visão espiritual – os olhos da fé – era tão limitada, de maneira que o líder incentiva os espias a examinarem toda a terra, certo de que trariam informações encorajadoras para o povo, inclusive um sinal visível da boa promessa de Deus: “esforçai-vos e tomai do fruto da terra”. E assim, no decurso de quarenta dias, os espias percorrem toda a terra, desde o deserto de Zim, no extremo sul da terra, até Hamate, ao norte (Nm 13.21-25; 34.2-9). Notemos que, de fato, como esperado por Moisés, os espias voltam da sua missão com um relato objetivamente positivo da terra: “Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel, e este é o fruto”; o tamanho e o peso do cacho de uvas do ramo que trouxeram como amostra da abundância da terra causaram tamanha impressão que deram o nome de Escol (isto é, “cacho”) ao vale de onde o cortaram. Contudo, a maioria dos espias via no número e nas cidades fortes dos povos que habitavam aquela terra, e especialmente nos gigantes, filhos de Anaque, não uma dificuldade com chances de ser superada, mas um obstáculo invencível, que nada das coisas boas que os aguardava ali parecia fazer valer a pena enfrentar, a ponto de, quando contrariados por Calebe, que os incita a confiarem no Senhor e na Sua promessa, esses espias não medirem suas palavras diante do povo e externarem sua incredulidade e rebeldia em obedecer à palavra do Senhor, influenciando negativamente toda aquela geração, com as terríveis consequências que se seguiriam (Nm 13.27-33; Dt 1.25-26).
II – O POVO SE REBELA CONTRA O SENHOR A murmuração e rebelião que haviam começado entre aqueles maiorais logo contaminaram o restante do povo, que deu vazão à incredulidade, latente em seus corações, para aflorar os mesmos pecados. Desta vez, não apenas dirigiram sua revolta contra Moisés e Arão, como se evitassem afrontar diretamente o Senhor; mas não se refrearam de imputar ao próprio Deus o seu “infortúnio”, preferindo voltar à servidão do Egito: “E por que nos traz o Senhor a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa?” (Nm 14.1-4; cf. Ne 9.17). Moisés e Arão lançam-se prostrados, certamente perturbados com as terríveis consequências que resultariam de tamanha afronta, que se mostrava ainda mais do que a murmuração anterior. Mas nem mesmo Calebe e Josué, rasgando suas vestes em sinal de indignação e contrição diante de tamanha insensatez por parte de seus irmãos, e procurando animá-los com a certeza da promessa, conseguiram qualquer coisa, senão incitar seu ódio, instigado pelos maiorais rebeldes, contra os homens de Deus – enchendo assim a medida dos seus pecados e resultando na intervenção e sentença divina que se seguiria (Nm 14.5-10).
III – O CASTIGO DE DEUS CONTRA OS INCRÉDULOS Mais uma vez, o povo de Israel só não foi totalmente consumido pela ira de Deus em razão da intercessão do profeta, que apela para a glória do nome do Senhor, que seria maior se, ao invés de destruir o Seu povo por causa dos seus pecados, o Senhor o perdoasse e os fizesse entrar na terra prometida (Nm 14.11-20). Contudo, aqueles israelitas, ao demonstrarem tamanha incredulidade na promessa, haviam rejeitado sinais evidentes da graça e misericórdia divina – em outras palavras, haviam se endurecido à voz do Espírito Santo, depois de a terem ouvido diversas vezes. E daqui podemos extrair a importante lição de que só damos realmente ouvidos à voz do Espírito quando perseveramos na obediência, exortando-nos uns aos outros, e não cedendo ao pecado, pelo qual o coração se endurece e se afasta do Deus vivo, e da comunhão com os fiéis (Sl 95.7-9; Is 63.10-11; Hb 3.7-14; 12.15). Assim, embora tivesse perdoado Seu povo para não destruí-los, o Senhor mostraria a diferença entre perseverar em segui-lo e abandoná-lo por incredulidade, tornando uma viagem que poderia ter sido breve em extensa, não porque necessários quarenta anos para conhecerem melhor ao Senhor, mas para que fossem justamente punidos. Aquela geração que, consciente e voluntariamente, infamara a terra prometida e se prontificara a abandonar o Senhor, tombaria no deserto, sem jamais ver a terra prometida; enquanto seus filhos entrariam, não sem terem aprendido, pelos quarenta anos que peregrinariam no deserto, as conseqüências da rebelião, ao mesmo tempo em que conheceriam o Senhor, na providência que os preservaria durante a viagem pelo deserto (Nm 14.28-37; cf. Dt 8.1-4). Ao mesmo tempo, Calebe e Josué são postos como exemplo de perseverança, pela qual se tornaram os únicos daquela geração que entrariam na terra prometida, porquanto creram no Senhor (Nm 14.38; cf. Hb 4.1-9).
CONCLUSÃO Nossa peregrinação neste mundo é necessária, mas pode ser menos dura, sofrida e extenuante, se não abandonarmos a confiança no Senhor que nos guia pelo deserto e a glória do que nos está reservado, e se estivermos sempre atentos à voz do Espírito de Deus, e não nos endurecermos para dar lugar à desobediência, que pode nos paralisar no deserto, se não nos prostrar definitivamente.
PARA USO DO PROFESSOR
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