012- A brevidade desta vida - Eclesiastes Lição 12[Pr Nilson Vital]14jun2022
LIÇÃO 12
A BREVIDADE DESTA VIDA
TEXTO ÁUREO: “Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias” (Ec 12.1)
LEITURA BÍBLICA: ECLESIASTES 12.1-8
INTRODUÇÃO Chegamos à conclusão do livro de Eclesiastes, onde Salomão, o sábio pregador e rei de Israel, incita a se voltarem para Deus e elevarem seus pensamentos a Ele o quanto antes, pois a vida é muito breve, e por isso também o tempo de desfrutarmos das alegrias que o Criador nos reservou para esta existência passageira. E assim ele concluirá o seu argumento principal, de que tudo é vaidade e, no fim, a única coisa que realmente fará diferença, na eternidade, é o nosso temor e obediência a Deus.
I – LEMBREMOS DE DEUS ANTES DA VELHICE (VV. 1-5) A partir do contexto imediato estabelecido pelos últimos versos do capítulo anterior, Salomão ainda está se dirigindo àqueles que, iludidos pela vaidade da juventude e adolescência preferem seguir os seus próprios impulsos, ignorando as adversidades desta vida, que os mais velhos, por já terem experimentado, tornaram-se mais cônscios da vaidade de todas as coisas que se faz debaixo do sol. Quanto mais nos deixamos enganar pela aparência deste mundo, negando para nós mesmos que tudo isto é passageiro e um dia acabará, e que nem tudo nesta vida são bens, mas há também males imprevisíveis e inevitáveis; maiores as turbações que teremos ao ser privados deles. Contudo, a lembrança de Deus, isto é, a reflexão e consideração de que somos obra das Suas mãos, e que Ele tem um interesse e um cuidado particular por nós, mesmo nas aflições desta existência, é um grande remédio e conforto na adversidade. Por isso, quando lembra do seu Criador na sua mocidade, o homem não apenas desfruta a vida na sua maior força e disposição, mas evita os excessos e os males consequentes, tanto espirituais como físicos e materiais, de decisões tomadas com temeridade e por impulso, além de manter uma boa consciência para com Deus, e estabelecer para si mesmo um firme fundamento de confiança e esperança na misericórdia divina para se apoiar quando vierem os dias maus. Já aquele que vive na vaidade dos seus sentidos quando é jovem, na velhice terá apenas do que se queixar, pois colocou sua esperança e razão de contentamento no vigor da juventude e adolescência, que são passageiros, e não é capaz de vislumbrar na velhice qualquer outra coisa senão canseira e enfado (Sl 90.10). Portanto, esses “dias maus” com que Salomão designa a velhice e as indisposições e dificuldades que a acompanham, bem como a brilhante alegoria que se segue, onde são descritos esses “males”, devem ser encarados sob o ponto de vista “debaixo do sol”, daquele que, se não tiver em Deus a causa do seu contentamento neste mundo, nenhuma outra causa terá para tanto quando chegar nesse estágio da vida. Pois, nessa fase, como ilustra o sábio pregador, a visão torna-se turva mesmo sob a maior claridade (“quando se escurecerem o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas”), os braços e mãos começam a tremer, e as pernas dificilmente sustentam o peso do corpo (“os guardas da casa”, “os homens fortes”), a mastigação é prejudicada pela falta de dentes (“e cessarem os moedores, por já serem poucos”), o que por sua vez afeta a audição (“as duas portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura”); as cãs começam a se multiplicar (“florescer a amendoeira”) e as alterações no humor e nos hábitos levam à redução no sono (“se levantar à voz das aves”), na fome (“perecer o apetite”) e no interesse pelos prazeres desta vida (“todas as vozes do canto se baixarem”). Como tudo o que há debaixo do sol, a velhice também é passageira, mas anuncia a proximidade de uma mudança que, diferente das vaidades desta vida, será eterna: “porque o homem se vai à sua eterna casa”. Por esta expressão, “eterna casa”, o pregador se refere primeiramente à sepultura, para onde vão todos os homens e de lá não mais retornarão enquanto durarem os céus e a terra que agora existem; mas, à luz da consideração de que Deus trará todas as coisas a juízo – entenda-se, pela ressurreição do último dia – a expressão também se refere ao destino final do homem, não mais debaixo do sol – quer esse destino seja a vida eterna, com Deus, ou o desprezo eterno, banido da presença do Criador (Dn 12.2; cf. Jó 14.10-15; 19.25-27).
II – LEMBREMOS DE DEUS ANTES DA MORTE (VV. 6-7) Na verdade, lembrar-se do Criador antes que cheguem os “maus dias” da velhice é necessário não porque não seja possível voltar-se para Ele nesse tempo, afinal, como já vimos, enquanto há vida, há esperança (Ec 9.4). Mas o fato é que a velhice evoca a morte, que, se é certa e naturalmente está mais próxima daqueles que já contam muitos anos de vida, não é menos certa e menos possível para aqueles que ainda são jovens. Ou seja, a mensagem de Salomão neste trecho é que o tempo de se lembrar de Deus e voltar-se para Ele é hoje, pois na morte isto não é possível. Com efeito, a morte desfaz toda a estrutura humana com suas capacidades e possibilidades, como já estudamos em capítulo anterior – e isto é ilustrado nas figuras do cordão de prata, do copo de ouro, do cântaro junto à fonte e da roda junto ao poço: Os vínculos mais preciosos do homem (inclusive sua consciência para com Deus) são rompidos; por maior que seja seu mérito ou grandeza, eventualmente ele não poderá mais servir ao próximo, ainda que sempre haverá muito para ser feito (o copo, o cântaro e a roda se quebrarão, mas a fonte continuará no mesmo lugar, sempre cheia). Ou ainda, a vida continuará a ser renovada sobre a face da terra, pois Deus é espírito, infinito e abundante em vida, mas eventualmente todos nós somos limitados a desfrutar desse dom por um breve período de tempo. Em termos mais literais, o pó voltará à terra, como o era, e o espírito a Deus, que o deu – e assim todo homem retornará ao seu estado inicial, antes de ser trazido à existência em Adão (cf. Gn 2.7; 3.19; Is 55.6).
III – CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS (VV. 8-14) Tendo demonstrado em diversos casos particulares e de um modo geral a vaidade de todas as coisas, o pregador chega ao final do seu discurso: debaixo do sol, nada é certo, e o melhor que podemos obter de alguma coisa ou circunstância é passageiro. Notemos que ele reafirma seu argumento inicial como uma verdade divina, que aprendeu não apenas pela experiência comum, mas pela sabedoria que alcançou como dom de Deus e que aperfeiçoou na perseverança em esquadrinhar e examinar todas as coisas; e que, como dever daquele que foi constituído “pregador”, ele procurou transmitir ao seu povo, e exarar em escrito, na forma de provérbios, de tal modo que as gerações futuras pudessem aprender as palavras de verdade. A sabedoria é preciosa, mas o homem esquadrinha e examina o mundo de tal modo que nunca chega a uma síntese do que realmente é necessário, antes tornando a vida mais complexa, multiplicando os questionamentos sem respostas e perdendo-se em cuidados sem fim; contudo, como disse Jesus, uma só coisa é necessária, e o sábio pregador pode resumi-la da seguinte forma: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos”. Este é o verdadeiro bem que devemos almejar em nossas vidas, pois nossa eternidade depende de como nos conduzimos neste respeito – na questão do cumprimento daquilo que o Criador realmente exige de nós, e não de assuntos disputáveis ou de cuidados quanto a necessidades que um dia hão de passar (cf. Rm 2.16; 1 Jo 2.17).
CONCLUSÃO Encerrando o estudo deste livro, que possamos ter fortalecido nossa confiança e esperança em Deus, e tão somente n’Ele, pois tudo o que temos e somos nesta vida passará, e servem apenas a uma provisão e satisfação temporárias; mas Deus permanece para sempre, e não faltará em tempo algum, seja na abastança ou na carência, seja nesta vida ou no porvir.
PARA USO DO PROFESSOR
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