001- A Criação dos Céus e da Terra - Gênesis Lição 01[Pr Afonso Chaves]28dez2021
LIÇÃO 1
A CRIAÇÃO DOS CÉUS E DA TERRA
TEXTO ÁUREO: “Assim, os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados” (Gn 2.1)
LEITURA BÍBLICA: GÊNESIS 1.1-31
INTRODUÇÃO A partir desta lição iniciamos um novo trimestre no qual estudaremos a primeira parte do livro de Gênesis, que vai do capítulo 1 ao 11. Esta é uma seção reconhecidamente distinta do restante desse livro, pois nela encontramos as origens dos céus e da terra, do homem, do pecado e da promessa de redenção, do culto divino, dos povos e nações e, finalmente, do povo de Israel. Do mesmo modo, nela encontramos os elementos das doutrinas mais importantes da Bíblia, de modo que, se não compreendermos essa narrativa das origens, jamais entenderemos o escopo de toda a revelação divina, nem seremos capazes de perceber sua progressão do princípio até o fim.
I – DEUS CRIOU TUDO NO PRINCÍPIO (1.1-2) Embora a partir de um ponto de vista teológico poderíamos falar, inclusive com base bíblica, sobre a eternidade passada, ou a existência de Deus antes da criação; como nosso tema é Gênesis, devemos começar onde a narrativa começa: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Aprouve a Deus revelar aos homens antes a verdade sobre aquilo que eles podem ver do que aquilo que está muito além dos seus sentidos e compreensão. Não importa o que havia, ou o que aconteceu, antes; o fundamento da fé está no fato de que Deus criou todas as coisas (Hb 11.3). Naturalmente, princípio aqui não é num sentido absoluto, e sim num temporal; antes disso, era a eternidade passada, como chamamos. Eternidade, de fato, não tem começo nem fim – é característica exclusiva de Deus, que é imutável e não está sujeito ao tempo (Sl 90.2; 2 Pe 3.8). Princípio faz parte da criação e, portanto, o tempo passou a existir e a transcorrer a partir do momento em que Deus começou a criar. Importante também ressaltar o uso da palavra criar em relação a esse princípio. Fica evidente que tudo teve início em uma matéria que Deus teve de criar do nada. Desde a vastidão e beleza infinita do universo até as complexidades mais microscópicas de toda a criação, tudo o que existe foi moldado a partir dessa matéria original (Sl 148.5). E, de fato, a revelação passa a descrever essa matéria original, identificada por antecipação com os céus e a terra que conhecemos, mas que, de início, estava sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo. Não era um caos, ou ruína, como sugerem algumas traduções e hipóteses mirabolantes; mas apenas matéria bruta, pronta para ser trabalhada pelo Espírito de Deus que estava ali presente, pronto para agir. Como o barro sobre a roda do oleiro, assim os céus e a terra seriam moldados, trabalhados pelo Criador até se tornarem nesta obra prima que testemunharia a glória, o poder, a grandeza e a sabedoria de Deus (Rm 1.20; Sl 19.1).
II – DEUS SEPARA OS CÉUS, A TERRA E O MAR (1.3-10) É perceptível que todas as obras de Deus ao longo desta narrativa estão relacionadas aos “céus e a terra” criados no princípio. Poderíamos então, para fins didáticos, dividir a obra divina narrada no restante deste capítulo em duas etapas: Deus separando os céus, a terra e o mar, que seriam as “esferas” da criação, como que comodos de uma casa; e Deus ornando e povoando os céus, a terra e o mar, como que “mobiliando” esses cômodos e enchendo-os de moradores. A analogia com o modo de trabalhar dos homens não pára aqui. Assim como um artista ou artesão só pode fazer o seu trabalho com excelência durante o dia ou na claridade, do mesmo modo o Criador começa fazendo uma primeira separação entre a luz e as trevas (ou escuridão), e por isso mesmo declarando que a luz é boa. Não que o Criador precisasse da claridade física para executar a Sua obra, mas a Escritura implica aqui que, por ser a condição da matéria original, ainda não moldada por Deus (“havia trevas sobre a face do abismo”), a escuridão não condiz com o caráter de Deus, que é perfeição. Notemos que é o próprio Criador quem estabelece essa distinção, porque Ele é o aferidor do bem e do mal, e assim a luz passa a ser um símbolo da perfeição e plenitude do próprio Deus (Sl 132.12; 1 Jo 1.5). Por esta mesma razão, a obra de cada “dia” se completa num período de transição da escuridão para a claridade: “e foi a tarde e a manhã”. A narrativa prossegue então com a separação, nos dias subsequentes, entre os céus e a terra e, depois, entre a terra e o mar. Notemos que o aspecto original da “terra” era de águas, e que Deus formou os céus a partir de uma “expansão” – um espaço infinito – entre essas águas, de tal modo que houvesse águas encima e águas embaixo dessa expansão (v. 7; cf. 2 Pe 3.5-6). Depois, dentre as águas embaixo da expansão, o Senhor fez surgir a terra seca propriamente, que se tornará sinônimo da habitação dos homens, em oposição à morada de Deus, chamada de céus (At 17.26; Jr 5.22).
III – DEUS ORNA E POVOA OS CÉUS, A TERRA E O MAR (1.11-31) Ainda no terceiro dia da criação, tendo separado os diferentes ambientes da existência física, o Todo-poderoso passa a prepará-los para acomodarem os seres que ainda criaria em multidão, especialmente o homem (cf. Is 45.18; Sl 8.4-8). Da terra seca, Deus faz surgir a vegetação, nas suas diferentes espécies, cada qual tendo o seu próprio modo de se reproduzir e se perpetuar e assim servir de alimento. No quarto dia, forma o sol, a lua e as estrelas nos céus, a fim de comunicar a luz como testemunho do caráter divino e de permitir que o homem faça a sua obra, seja no aspecto físico ou espiritual (Jo 9.4; 1 Ts 5.5). No quinto dia, Deus cria os primeiros exemplares de uma forma de vida mais elevada que as plantas – os seres de alma vivente. E, depois de encher deles as águas do mar e a face dos céus, já no sexto dia, é a vez da terra seca, sobre a qual são criados os animais que estarão mais próximos do homem e, por isso, são agrupados conformemente: gado (animais domésticos), répteis (animais peçonhentos, rastejantes e geralmente impuros) e bestas-feras (animais selvagens). Finalmente, ainda no sexto dia, o Senhor Deus arremata Sua obra com a formação do primeiro casal humano. “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” sugere o conselho do Pai com o Verbo divino, a Palavra viva que estava com Deus no princípio como seu Filho e Discípulo, e sem o qual nada do que foi feito se fez (Jo 1.1-3; Cl 1.15-17). A menção particular do conselho divino tomado em relação ao homem mais uma vez destaca a importância deste no propósito de Deus, o que é reforçado pelo fato de que ele é o único ser criado “à imagem e semelhança de Deus”. Isto se refere à capacidade de o homem “imitar” as qualidades excelentes do caráter santo, justo, bom e verdadeiro daqu’Ele que o criou (cf. Ef 4.22-24; Cl 3.9-10) e, nesta condição, exercer o domínio sobre a criação, do mesmo modo que Deus é o verdadeiro dominador dos céus e da terra (cf. Ap 6.10). Eis, portanto, por que o homem foi criado: para conhecer a Deus na excelência do Seu poder e sabedoria e, tornando-se participante de uma comunhão em virtude e graça com o Criador, desfrutar dos benefícios da criação, administrando-a para a glória de Deus (At 17.27-28; 14.17).
CONCLUSÃO Deus revela a Sua misericórdia e graça para conosco na criação, ao desvendar toda a Sua obra se desenvolvendo no sentido claro de nos trazer à existência num mundo em que pudéssemos desfrutar de inúmeras benesses e contemplar a grandeza do Criador, e assim render-lhe grata obediência e louvor.
PARA USO DO PROFESSOR
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