008-Juízo contra as nações - Ezequiel Lição 08[Pr Afonso Chaves]17ago2021
LIÇÃO 8
JUÍZO CONTRA AS NAÇÕES
TEXTO ÁUREO: “...eis que, na cidade que se chama pelo meu nome, começo a castigar; e ficaríeis vós totalmente impunes? Não, não ficareis impunes, porque eu chamo a espada sobre todos os moradores da terra, diz o Senhor dos exércitos.” (Jr 25.29)
LEITURA BÍBLICA: EZEQUIEL 25.1-11
INTRODUÇÃO Na lição anterior, vimos que Ezequiel profetizou o juízo de Deus contra a casa de Judá até o exato momento em que o exército dos caldeus chegava às portas de Jerusalém para dar início ao cerco da cidade. Agora restava esperar que se cumprisse tudo aquilo que o Senhor havia dito através do Seu servo, para que então o povo entendesse que esteve no meio deles um profeta e, arrependidos, pudessem se voltar para Deus em busca da restauração. Mas isso não significa que o profeta estaria desocupado enquanto o juízo estivesse sendo executado sobre Judá: outras nações também haviam pecado, e se o Rei de toda a terra não teve o Seu povo por inocente quando este pecou, tampouco deixaria escapar aqueles que, ao invés de temerem, alegraram-se perversamente na queda do povo eleito.
I – JUÍZO CONTRA AMOM, MOABE E EDOM (CAPÍTULO 25) A partir deste capítulo, o Senhor Deus dirige uma palavra de juízo contra diversas nações – um tipo de profecia que encontramos também em Isaías, Jeremias e outros profetas. Todas essas nações eram vizinhas de Israel e Judá, mas, no caso dos povos aqui citados, também eram “parentes”. Amom e Moabe se originaram a partir da semente de Ló, sobrinho de Abraão (Gn 19.36-37); e Edom é Esaú, um dos filhos de Isaque e irmão de Jacó (Gn 25.21-26). Quando Jerusalém e Judá caíram sob o cerco e a invasão das forças de Nabucodonosor, Amom, Moabe e Edom ainda habitavam em suas respectivas sortes do outro lado do Jordão, junto ao deserto. O que aconteceu aos seus irmãos israelitas deveria ter servido de alerta e despertar o temor de que, se nem o povo eleito escapou do castigo pelas mãos de Nabucodonosor, tampouco eles escapariam. Mas cada uma dessas nações preferiu se satisfazer a seu modo com a queda dos seus irmãos. Deus resume a atitude dos amonitas da seguinte forma: “Visto que tu disseste: Ah! Ah!, acerca do meu santuário, quando foi profanado; e acerca da terra de Israel, quando foi assolada; e acerca da casa de Judá, quando foi para o cativeiro” (v. 3), e por isso Ele os sentencia a nunca mais existirem nem serem reconhecidos como povo, e a sua terra a tornar-se desolada para sempre – onde havia cidades muradas, só restariam lugares áridos e ruínas, boas apenas para os beduínos descansarem com seus rebanhos. Não muito diferente foi a reação de Moabe e Seir: “Eis que a casa de Judá é como todas as nações” (v. 8) – palavras estas que expressam ironia e desprezo pela fama de Israel como povo especial, protegido pelo seu Deus. “Pois que Edom se houve vingativamente para com a casa de Judá, e se fizeram culpadíssimos, quando se vingaram dela” (v. 12) é uma referência à participação desse povo na invasão da cidade pelos caldeus, aproveitando-se do momento de fraqueza dos israelitas para aumentar ainda mais a sua dor, conforme relata em maiores detalhes o profeta Obadias (cf. Ob 10-14). Entre essas três nações, o Senhor inclui também os filisteus que, como sabemos, foi o único povo deixado na terra junto com Israel, mas nunca se dispuseram a entrar em concerto ou fazer as pazes com os seus vizinhos: “Visto como os filisteus usaram de vingança e executaram vingança de coração com malícia, para destruírem com perpétua inimizade”, e por isso também seriam exterminados como as outras nações.
II – JUÍZO CONTRA TIRO E SIDOM (CAPÍTULOS 26 A 28) A qualificação das cidades de Tiro e Sidom pode até parecer mais extensa do que esses povos mereceriam, mas talvez nos fujam maiores detalhes sobre o relacionamento dos fenícios com Israel. Sabemos, porém, que ambos mantinham uma aliança que começou nos tempos de Salomão (cf. 1 Rs 5). Além disso, Tiro era célebre pela sua posição praticamente inexpugnável – enquanto parte da cidade se estendia pela orla do mar, outra parte estava solidamente fundada sobre um rochedo, de difícil acesso até mesmo para os navios de guerra. Acrescente-se a isto que, assim como todos os fenícios, os tírios eram exímios marinheiros e experientes comerciantes, tendo alcançado todas as nações às margens do Mar Mediterrâneo e além com suas mercadorias riquíssimas carregadas em poderosas embarcações feitas de cedro. Mas a causa da queda de Tiro não está tanto nos pecados que essas grandezas poderiam ter incitado no coração do seu povo, como na alegria que demonstraram pela queda de Jerusalém: “Ah! Ah! Está quebrada a porta dos povos; virou-se para mim; eu me encherei, agora que ela está assolada” (26.2). A lamentação que se segue até o capítulo 27 destaca exatamente a ironia de uma nação tão rica e gloriosa ser abatida até o fundo do mar, como um navio naufragando. Ao que o Senhor acrescenta também o pecado particular do rei ou príncipe de Tiro, descrito extensamente no capítulo 28 como um indivíduo de incomparável glória, riqueza e saber, cuja posição diante do próprio Deus era a de “um querubim ungido para proteger”, de alguém que estava “no monte santo de Deus... no meio das pedras afogueadas”. Contudo, seu coração se ensoberbeceu com tanta glória: “Visto como se eleva o teu coração, e dizes: Eu sou Deus e sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares (sendo tu homem e não Deus)”, e o Senhor o castigaria de tal modo que, do alto da sua posição original, ele seria abatido com uma morte desonrosa e lançado numa cova comum, como um cadáver qualquer.
III – JUÍZO CONTRA O EGITO (CAPÍTULOS 29 A 32) Segue-se o juízo contra o faraó, cujo pecado é designado primeiramente como a presunção de que o Egito lhe pertencia, e nem mesmo Nabucodonosor poderia toma-lo; depois, a traição contra Judá, ao incitá-los a se rebelarem contra o império caldeu para abandoná-los à sua própria sorte, agindo assim como uma cana quebrada (29.6-7). Mas é interessante também notar aqui que, embora o Egito esteja destinado ao castigo, o Senhor não irá destruí-lo para sempre, antes lhe permitirá voltar a ser uma nação antes mesmo de restaurar Israel – mas nunca mais mereceriam a confiança de qualquer outro povo, pois “serão ali um reino baixo” (v. 14), ou seja, sem a glória e poderio do passado. Note-se também neste capítulo que o Senhor promete fazer do Egito um espólio para Nabucodonosor – um saque tão grande que valeria não somente pela conquista dessa terra, mas também por todo o prejuízo material que o rei dos caldeus teve durante o trabalhoso cerco da cidade de Tiro. Seguindo à característica lamentação no capítulo 30, no capítulo 31 o Faraó é comparado à Assíria na sua grandeza e formosura, tal como um cedro do Líbano, ou uma árvore frondosa no jardim de Deus, mas que seria abatido pela sua soberba. Mais uma vez notamos o senhorio de Deus sobre todas as coisas, e como até os mais poderosos da terra exercem sua autoridade por delegação divina; enquanto cumprem fielmente o seu papel, mantêm posição de destaque diante de Deus. Mas, ao se ensoberbecerem, são desarraigados e lançados por terra (cf. Dn 4.34-37).
CONCLUSÃO Deus é o Rei dos reis e Senhor dos senhores; todos estão sob o Seu poder e autoridade e devem responder por seus atos diante d’Ele, de acordo com o conhecimento, a responsabilidade e o poder que Ele concede a cada um para administrar. De fato, o juízo começa pela casa de Deus, mas se estende além e alcança a todos os povos e a cada indivíduo.
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