003-Deus seus atos e obras - Lição 03[Pr Afonso Chaves]12jun2025

 

LIÇÃO 3 

DEUS (SEUS ATOS E OBRAS) 

TEXTO ÁUREO: “Quão grandes são, Senhor, as tuas obras! Mui profundos são os teus pensamentos” (Salmo 92.5) 

LEITURA BÍBLICA: SALMO 33.1-11 

INTRODUÇÃO Tendo começado a lançar o fundamento das grandes doutrinas bíblicas sobre a revelação que Deus fez sobre o Seu próprio Ser e atributos, precisamos ainda considerar Seus atos e obras. Todas as demais doutrinas só podem ser compreendidas à luz do que Deus é e do que Ele faz. Veremos que existe uma harmonia perfeita entre ambas, e que as grandezas e perfeições do Seu caráter, que estudamos na lição anterior, são conhecidas e manifestas tanto por aquilo que Ele determinou na eternidade como pelas coisas que Ele tem feito desde o princípio da criação. 

I – OS DECRETOS DE DEUS E O SEU PROPÓSITO 

1. A NATUREZA DOS SEUS DECRETOS. Como é próprio do homem sábio e prudente pensar e planejar aquilo que pretende fazer, assim também Deus não fez coisa alguma sem antes ter proposto e decidido tudo por Si e em Si mesmo. De fato, Ele “faz todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11). Não há nada que Deus faça sem um propósito pré-definido, traçado na eternidade (Ef 1.4; 3.11), que sempre será perfeito em conselho, sabedoria e prudência; embora, na maioria das vezes, inescrutável e muito elevado para nossa compreensão (Jó 12.13; Is 40.13-14; Rm 11.33-34). O propósito de Deus é imutável, porque Ele sabe todas as coisas que devem acontecer, já que tudo acontece de acordo com o Seu propósito e intento, e assim nada pode surpreendê-l’O, muito menos frustrá-l’O (Sl 33.11; Hb 6.17-18). O que Ele determinou pode ser propriamente chamado de “decreto”, pois emana do Seu senhorio e onipotência, nada podendo impedir que se cumpra. Em outras palavras, a vontade de Deus é soberana, eficaz e irresistível (Is 46.10-11; Jó 42.2; Dn 4.35). 

2. A EXTENSÃO DOS SEUS DECRETOS. Os decretos estabelecidos por Deus na eternidade compreendem absolutamente todas as coisas, seres e eventos que há nos céus e na terra, do começo ao fim dos tempos. Nada pode existir ou acontecer fora de Deus, ou sem que Ele tenha decretado (Rm 11.36): desde os eventos mais fortuitos (Ex 21.12-13; Pv 16.33), passando pelas rotinas da natureza (Gn 8.22), até às circunstâncias físicas e materiais da existência humana (Jó 14.5; Ex 4.11; Ec 7.14), bem como suas ações, por mais voluntárias ou “livres” que pareçam (Pv 19.21; 21.1); para tudo há um propósito definido por Deus (Ec 3.1-2). Nem mesmo as ações perversas dos homens escapam aos decretos divinos, pois foi Deus quem determinou a relação de causa e efeito entre o pecador e o pecado, como também deu ao mal uma finalidade que sempre concorrerá para o cumprimento dos Seus propósitos (At 2.23; Gn 45.8; Ex 11.9-10) e que sempre O glorificará – neste caso, principalmente por demonstrar a Sua justiça (1 Sm 2.17, 25; Rm 9.22). 

3. O SUPREMO PROPÓSITO DOS SEUS DECRETOS. Embora ninguém seja capaz de sondar e entender os desígnios divinos, de modo a descobrir e apontar todas as Suas razões (1 Co 2.11, 16; Is 55.8-9), as Escrituras nos ensinam que Deus de fato desvendou o grandioso propósito da Sua vontade, e de todas as coisas que decretou na eternidade; que é o de “tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” (Ef 1.8-10; 3.9-11). Em outras palavras, todas as coisas nos céus e na terra foram determinadas por Deus visando a salvação ou glorificação do Seu povo e, consequentemente, à glorificação da Sua própria graça, bondade e poder, tal como manifestados plenamente na pessoa de Seu Filho, Cristo Jesus (Ef 1.6, 12; 2.7). Mas, como este assunto será mais bem desenvolvido quando estudarmos a doutrina do pecado e da salvação, nesta lição falaremos apenas sobre as obras da criação e da providência de Deus, as quais são subservientes a esse supremo propósito de salvar as criaturas que primeiramente trouxe à existência.  

II – DEUS E O ATO DA CRIAÇÃO 

1. A NATUREZA DA CRIAÇÃO. Enquanto os decretos podemos considerar como atos internos do próprio Deus, situados na eternidade; a criação pode ser considerada Seu primeiro ato externo, no qual Ele dá existência, no tempo, a seres distintos d’Ele, embora em total dependência d’Ele. Deus criou todas as coisas, e tudo o que existe foi criado segundo a Sua vontade e para atender ao Seu propósito (Gn 1.1; 2.1; Ap 4.11). Antes da criação, havia “apenas” Deus, por assim dizer, de modo que Ele não poderia ter usado matéria “pré-existente”, mas antes criou a própria matéria a partir do nada, passando então a separar, formar e aperfeiçoar todas as coisas que propôs em Seu intento. Deus criou todas as coisas por meio da Sua poderosa palavra (Sl 33.9), a qual depois se revelou ser o próprio Senhor Jesus (Jo 1.1-3; Hb 1.2; Cl 1.15-17). 

2. A CRIAÇÃO INVISÍVEL. Que Deus criou um mundo invisível para nós, e seres invisíveis que nele habitam juntamente conSigo, podemos deduzir a partir das Escrituras Sagradas, embora não com a mesma abundância de informações que ela nos oferece com respeito à criação visível. Criados em grande multidão, como “exércitos do céu” (Lc 2.13; Dn 7.10; Ap 5.11; Hb 12.22), esses seres são muitas vezes chamados, genericamente, de anjos (Sl 148.2), em razão de se revelarem como mensageiros de Deus enviados para servir em favor do povo eleito (Hb 1.7, 14; Lc 1.19). Outros são apresentados em permanente adoração na presença de Deus, proclamando a Sua glória e santidade, e são chamados ora de serafins, ora de querubins (Is 6.1-3; Ez 1; Ap 4.4-8). Não sabemos exatamente quando foram criados, mas podemos afirmar que eles já estavam presentes no princípio da criação deste mundo (Jó 37.7). 

3. A CRIAÇÃO VISÍVEL. Deus criou os céus, a terra, o mar, e tudo o que neles há, em toda a sua vastidão e diversidade. Somos informados pela revelação bíblica de que, embora tudo tenha sido criado mediante a ordem divina: “Haja”, “faça-se”, “apareça”, Deus fez tudo em um período de seis dias, concluindo Sua obra no sétimo, no qual repousou (Gn 2.1-3; Ex 20.11). Por si só, este fato encerra a verdade de que a criação é subserviente ao supremo propósito de Deus de salvar os homens, manifestando-lhes, nas coisas que estão criadas, Sua sabedoria e bondade, e assim conclamando-os a buscarem o Criador a fim de encontrarem n’Ele a realização plena do propósito para o qual foram criados (Sl 8; At 14.15-17). 

III – A PROVIDÊNCIA DE DEUS 

1. A NECESSIDADE DA SUA PROVIDÊNCIA. Deus não apenas criou todas as coisas no princípio, mas continua operando, trabalhando sobre a criação, agora no sentido de preservar e sustentá-la, pois tudo depende d’Ele não apenas para existir, mas também para subsistir (Jo 5.17; At 17.24-25, 28). Assim, é Deus quem mantém os ciclos naturais do dia, noite, estações, semeadura e colheita (Jó 9.6-10; Sl 65.9-10); é Ele quem cuida de todas as Suas criaturas, provendo diariamente o seu sustento (Jó 38.41; Sl 104.27-30; Mt 6.26). E, no que diz respeito ao homem, é Deus quem determina os limites da sua habitação (At 17.26), dirige todos os seus passos, e opera com eles segundo a Sua vontade, seja dando a vida ou tirando-a, fazendo adoecer ou curando, exaltando ou abatendo (Pv 5.21; Jr 10.23; Dn 4.35; 1 Sm 2.5-8). 

2. SUA PROVIDÊNCIA ESPECIAL. A bondade e sabedoria de Deus, patentes na Sua providência geral para com todas as criaturas, podem ser vistas ainda mais especialmente no cuidado especial que Ele dispensa ao Seu povo, a fim de salvá-lo, pois para isto não poupou nem mesmo Seu próprio Filho Jesus (Jo 3.16). Deste modo, sendo todas as demais coisas subservientes ao propósito da salvação, tanto maior interesse Deus tem por prover aos eleitos tudo o que lhes seja necessário nesta vida (Mt 10.29-31), como também em fazer todas as coisas, inclusive aquelas que pareçam ruins, redundarem em seu benefício (Gn 50.20; Rm 8.28). 

CONCLUSÃO O conhecimento dos atos e obras de Deus traz maior conforto e segurança aos nossos corações, pela certeza de que nada escapa ao Seu controle, mas todas as coisas, sendo sabiamente conduzidas por Ele, contribuem para a realização do Seu supremo propósito, no qual Ele graciosamente nos incluiu, e em razão do qual Ele tudo proverá para que nossa felicidade seja verdadeira, plena e eterna.


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