004-Quando o castigo é a única solução - Jeremias Lição 04[Pr Afonso Chaves]23jan2024
MP3 PARA DOWNLOADS
LIÇÃO 4
QUANDO O CASTIGO É A ÚNICA SOLUÇÃO
TEXTO ÁUREO: “Eis que estou forjando mal contra vós e projeto um plano contra vós; convertei-vos, pois, agora, cada um do seu mau caminho, e melhorai os vossos caminhos e as vossas ações” (Jr 18.11)
LEITURA BÍBLICA: JEREMIAS 18.1-10
INTRODUÇÃO As mensagens que estudaremos nesta lição confirmam o propósito de Deus, já apontado em textos anteriores, de castigar o Seu povo, não obstante todos os esforços para fazê-los se arrependerem dos seus pecados. A condição de Judá era aparentemente irrecuperável, o castigo sendo o único meio de por fim ao desvario da nação. Muitas considerações já feitas no estudo dos primeiros capítulos de Jeremias poderiam ser repetidas, não sem proveito; mas, ao invés disso, procuraremos destacar novos aspectos nessas mensagens que, do mesmo modo, contribuirão para nossa edificação e crescimento no conhecimento de Deus e de nós mesmos.
I – O ORGULHO E O DESENGANO DE JUDÁ (CC. 13 E 14) No capítulo 13, encontramos o profeta se envolvendo com a mensagem de Deus em um aspecto já conhecido em outros profetas. Jeremias é instruído por Deus a comprar e utilizar um cinto – certamente à vista do povo – e depois levá-lo até o Eufrates e enterrá-lo próximo às águas do rio. Depois de muito tempo, o profeta é ordenado a voltar ao local, desenterra o cinto, e ei-lo apodrecido e imprestável. Então, o Senhor desvenda o significado simbólico e profético desse ato: “Do mesmo modo farei apodrecer a soberba de Judá” (13.1-9). Assim como um cinto atado aos lombos, Judá havia desfrutado de íntima comunhão e sido muito útil para Deus; mas a desobediência do povo havia transformado o que deveria ser motivo de honra em pretexto para soberba. Nada mais poderia abater essa soberba, senão o cativeiro além do rio Eufrates, onde, reduzidos a nada, veriam como haviam se tornado inúteis para Deus (13.10-11). Uma segunda mensagem ilustra como o povo de Judá estava tão confiado de que o castigo não o alcançaria que a parábola do profeta: “Todo odre se encherá de vinho” é recebida como uma declaração positiva de que Judá teria ainda maior alegria e deleite. Mas aqui o odre se enchendo de vinho aludia ao torpor e embriaguez moral ou espiritual do povo que, como castigo pela sua impenitência, seria ainda maior quanto mais se aproximasse o castigo, de tal modo que, quando chegasse o tempo, os pecadores seriam apanhados como ébrios em uma noite escura (13.12-13, 16). Notemos que, ainda neste capítulo, encontramos apelos ao arrependimento, ao mesmo tempo em que é cada vez maior a desesperança com um povo intrinsecamente maligno: “Pode o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas manchas? Nesse caso também vós podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal” (13.20-22, 23). A mensagem do capítulo 14 se dá no contexto de uma grande seca que havia se abatido sobre a terra, provocando grande sofrimento tanto a homens como animais pela falta de água e comida. O profeta reconhece o castigo de Deus e não nega os pecados de Judá que haviam atraído tamanha repreensão; mas, comovido com a aflição do seu povo, suplica pela misericórdia do Senhor (14.1-9). O Senhor responde, mas no sentido de que não os socorreria, e seria em vão Jeremias interceder por eles; ao que o profeta alega que o povo era enganado pelos “profetas”, que o faziam acreditar que haveria paz. Nada, porém, justifica o desengano de Judá, pois os profetas não falavam da parte de Deus – sugerindo que o povo podia deduzir que sua condição pecaminosa não resultaria em paz, mas em castigo, enquanto não se arrependessem (14.10-16). Ao invés de interceder, melhor seria que Jeremias se lamentasse sobre a destruição do seu povo, que certamente viria (14.17-22).
II – APESAR DOS SEUS SOFRIMENTOS, O PROFETA SERÁ GUARDADO (CC. 15 E 16) No capítulo 15, prosseguindo em seu arrazoamento com o Senhor, o profeta tem de se resignar à revelação de que nem mesmo os maiores intercessores do seu povo seriam ouvidos pelo Senhor desta vez; mas com isto ele se lamenta por ter de anunciar uma mensagem tão dura, que o fazia ser hostilizado pelos seus conterrâneos (15.1-3, 10); ao que o Senhor lhe responde que o fortaleceria para enfrentar o tempo da calamidade, e que nesse tempo ele seria buscado pelos seus inimigos para que intercedesse em seu favor (15.11). Em seguida, o profeta indaga sobre sua sorte em meio à assolação do seu povo, e recebe de Deus a garantia de que teria sua vida por despojo, se tão somente se conservasse apartado do mal, e não cedesse a qualquer compromisso com os pecadores (15.15-21). A fim de ilustrar as calamidades que se abateriam sobre a nação, o Senhor mais uma vez toma o profeta e suas ações como exemplo, impondo-lhe restrições particulares – seja para que este não se casasse nem tivesse filhos, em alusão à morte pela espada e pela peste que acometeria os que nascessem na ocasião em que Judá fosse assolada (16.2-4); para que não frequentasse casas de luto, com isto sinalizando a chegada de um tempo em que os mortos não teriam quem os pranteasse, nem os enterrasse (16.5-7); tampouco frequentasse casas de festa e banquete, em sinal de que o Senhor faria cessar todo motivo para alegria e comemoração (16.8-9).
III – A SOBERANIA DE DEUS SOBRE OS HOMENS (CC.18 E 19) Este capítulo 18 de Jeremias se assemelha em muitos aspectos ao seu paralelo em Ezequiel, pois aqui temos um claro testemunho de que Deus é soberano sobre as Suas criaturas, ao mesmo tempo em que lida com elas de acordo com a justiça (18.1-6). Ilustrando esta lição com a imagem de um oleiro trabalhando sobre o barro, o Senhor compara o Seu poder sobre Israel e sobre todas as nações ao do artesão sobre a sua matéria prima – tanto num caso como no outro, o destino da obra criada (o vaso, ou Israel) depende da vontade e do propósito daquele que a criou (o oleiro, ou Deus). De acordo com a vontade e o propósito de Deus, se o pecador se arrepender e agir em conformidade com a justiça, o vaso preparado para ira, para usar a linguagem paralela do apóstolo, se desfará; mas, caso o homem se desvie da justiça, a obra, ou o vaso para louvor e salvação é que se desfará nas mãos do Oleiro (18.7-10; cf. Rm 9.21-24; 2 Tm 2.19-21). E, de fato, naquela circunstância era Judá que estava sendo preparada como um vaso para ira, mas, caso se arrependesse, certamente essa obra se desfaria, e o povo seria refeito como vaso para louvor (18.11). Contudo, quando passamos para o capítulo 19, a terrível constatação de que o povo que havia escolhido ser vaso para desonra permaneceria nesta condição até o fim é ainda mais clara do que no anterior. Jeremias é ordenado a tomar uma botija de barro e, após anunciar o castigo de Judá e Jerusalém aos ouvidos dos anciãos, a quebrar o vaso aos seus olhos (19.1-10). A imagem e a simbologia do vaso do oleiro sem dúvida são as mesmas aqui; mas o fato de a botija de barro, uma vez quebrada, não poder mais ser refeita, ao contrário do vaso ainda moldável na roda do oleiro, reafirma que a nação já havia desperdiçado todas as oportunidades de arrependimento, e nada mais poderia curá-la do seu coração endurecido pelo pecado, restando apenas seguir até o fim o caminho que havia escolhido (v. 11; cf. Ap 22.11).
CONCLUSÃO A mensagem de Jeremias continua atual para os nossos dias, ilustrando como o pecado pode se arraigar no coração a ponto de cauterizar os sentidos e não permitir que o homem vislumbre o fim para o qual está sendo precipitado, nem perceba a misericórdia e boa vontade de Deus, que o chama até o fim ao arrependimento, pois quer antes que ele viva, e não morra.
PARA USO DO PROFESSOR
Comentários
Postar um comentário