013-Outras questões controversas - Heresias Lição 13[Pr Afonso Chaves]19dez2023
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LIÇÃO 13
OUTRAS QUESTÕES CONTROVERSAS
TEXTO ÁUREO: “Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição” (2 Pedro 3.16)
LEITURA BÍBLICA: 2 TIMÓTEO 3.14-17
INTRODUÇÃO
Considerando que de modo algum esgotamos as chamadas “questões controversas”, restando ainda inúmeros temas bíblicos que servem a diferentes e até contraditórias interpretações no meio evangélico, e em torno dos quais são erigidos sistemas doutrinários que afetam o entendimento de outros assuntos; prosseguiremos com o tema na presente lição. Desta vez, estudaremos as posições conflitantes com respeito ao dia de descanso, a relação entre Israel e a Igreja e o destino final dos incrédulos, destacando onde se aproximam e onde se afastam das Escrituras Sagradas.
I – O DIA DE DESCANSO
A questão do dia de descanso é discutida sob dois aspectos: se o cristão ainda precisa observar um dia de repouso e santificação para Deus; e, em caso positivo, se esse dia é definido por Deus. De um lado estão aqueles que afirmam que a guarda de um dia de repouso pode ser remontada ao princípio, quando o próprio Deus descansou de toda a Sua obra que criara e fizera, abençoando e santificando o sétimo dia; e que, sob o concerto do Sinai, a guarda desse dia, também chamado sábado (que significa “cessação”, “repouso”), foi revelada como um mandamento da lei de Deus e, portanto, possui caráter moral e eterno, assim como os outros mandamentos. Ainda deve, portanto, ser guardado sob a vigência do Novo Testamento, como parte da nossa obediência para com Deus. Uma segunda posição é a daqueles que afirmam que o significado e a observância do sábado teriam sido transferidos para o primeiro dia da semana, por ter sido este o dia da ressurreição de nosso Senhor Jesus, consagrando-o, segundo entendem, como o sábado cristão, chamado posteriormente domingo (que significa “dia do Senhor”). Por fim, há aqueles que, embora sustentem a necessidade de se observar um dia de repouso, basta que este seja um dia qualquer da semana, a definição do sétimo dia para tal sendo apenas um aspecto cerimonial da lei – revogado, portanto, sob o Novo Testamento. É evidente que os sabatistas têm razão quando se apegam ao sétimo dia como aquele definido por Deus para a guarda do sábado e protestam contra a guarda do domingo. Por mais que eventos de importância fundamental para a nossa fé, como a ressurreição de Jesus e o derramamento do Espírito em Pentecostes, tenham de fato ocorrido no primeiro dia da semana (Mc 16.2-9; Jo 20.19), não encontramos nas Escrituras nenhuma indicação de que a mudança do dia de repouso ocorreria ou teria ocorrido em função desses eventos. Os cristãos podiam se reunir tanto no sábado, como no primeiro, como em qualquer outro ou mesmo todos os dias da semana (At 2.46-47; 20.7; Rm 14.5-6; At 15.19-20, 28-29). À posição dos que defendem a guarda de um dia literal de descanso “opõem-se”, por assim dizer, aqueles que consideram que, muito embora as Escrituras consagrem a guarda de um dia regular como o sábado, a lei trouxe à tona uma realidade espiritual mais elevada, não apenas ao formalizar o sétimo dia da semana para este fim, mas ao instituir dias independentes do ciclo semanal para solenidades anuais, santas convocações,que também deveriam ser considerados como sábados (Lv 23.3, 7-8, 10-11, 15-16 e 21, 27 e 32, 35-36, 37-38). Ou seja, o Senhor desejava inculcar fortemente o entendimento de que Ele queria que o Seu povo participasse também do Seu repouso, os sábados servindo tanto de memorial como de convite para esta benção; mas só entrariam nele, de fato, aqueles que cressem e fossem obedientes. Esse repouso representa a mesma aspiração da igreja, uma vez que as Escrituras afirmam que restam alguns que devem entrar nele – entrada essa que obtemos pela fé e obediência em Cristo Jesus, mais seguramente do que pela guarda de um dia (Cl 2.16-17; Hb 4.1-11).
II – ISRAEL E A IGREJA
A relação entre Israel e a Igreja é discutida principalmente sob dois aspectos: uns afirmam que Israel continua sendo o povo de Deus em distinção à Igreja e, apesar de sua rejeição majoritária a Jesus, eventualmente a nação se converterá e todas as promessas feitas no passado se cumprirão nela; outros entendem que Israel foi rejeitado por Deus como nação e a Igreja, formada tanto por gentios como judeus é o verdadeiro Israel e, portanto, a depositária de todas as promessas feitas no passado a este povo. Um dos problemas mais críticos nesta discussão está no fato de muitos julgarem Israel e a Igreja como dois povos distintos, esquecendo-se de que Deus possui apenas um povo, formado pelos eleitos, predominantemente judeus sob a Antiga Aliança e predominantemente gentios sob a Nova Aliança – mas sem exclusão de um grupo ou de outro sob qualquer “dispensação”. Tanto a palavra igreja é uma designação cabível para Israel, uma vez que apenas é a forma grega (usada no Novo Testamento) para congregação, ajuntamento ou assembleia (cf. At 7.38); como a igreja de Cristo é chamada propriamente o verdadeiro Israel, uma vez que aos judeus eleitos segundo a graça foram somados os gentios, como estranhos que eram ao Deus verdadeiro e ao Seu povo, mas que pela mesma graça se tornaram membros da família de Deus e coherdeiros com os judeus (Jo 10.16; At 15.14-18; Ef 2.11-19; Rm 11.17-24). Muitos também avaliam desproporcionalmente a rejeição ao evangelho por parte da maioria dos judeus. Este acontecimento não significa que Deus tenha rejeitado o Seu povo, mas sim que nem todo judeu pertence ao povo eleito – de fato, em todo o tempo, apenas uma minoria, um remanescente, é que podia ser contado como verdadeiros filhos de Abraão – aqueles dentre os judeus que o não eram apenas segundo a carne, mas que criam e obedeciam ao Senhor (Rm 2.25-29; 9.6-8, 22-27). Esses que não pertenciam ao remanescente foram os mesmos que rejeitaram o próprio Filho de Deus, ao passo que os eleitos segundo a graça creram no evangelho e assim a oliveira, para usar a figura do apóstolo, manteve alguns galhos intactos, e nem todos foram cortados; e consideremos ainda a previsão de que, antes do fim, muitos deles podem se converter e tornarem a ser enxertados (Jo 8.39-44; Rm 11.1-7).
III – O DESTINO FINAL DOS INCRÉDULOS
O destino final dos incrédulos é um tema que dificilmente poderia ser discutido de forma isolada, pois a posição que defende que a condenação final dos perversos será de sofrimento eterno e consciente está atrelada ao falso pressuposto de que o homem possui uma alma imortal, e sobre isto falamos extensamente na lição 4. Partindo então do conhecimento já estabelecido de que o homem é uma alma mortal, que não sobrevive à morte do corpo num estado intermediário, acrescentamos que o salário do pecado é a morte – isto é, a privação da vida (Ez 18.4; Rm 6.23). E, ao passo que para aqueles que morrerem em Cristo resta a esperança da ressurreição para nunca mais morrerem, para os que morreram na incredulidade haverá segunda morte, ou uma ressurreição para a condenação, para a vergonha e o desprezo eternos. De fato, a morte e a sepultura comum não mais existirão, e os mortos que nela se achavam serão aniquilados e sua memória obliterada para sempre (Jo 5.28-29; Dn 12.1-2; Ap 20.11-15; 21.8).
CONCLUSÃO
O estudo das questões controversas nos mostra que ainda há muitos assuntos cuja compreensão requer maior amadurecimento por parte daqueles que estudam as Escrituras e defendem determinadas posições, se desejamos um dia chegar a um consenso doutrinário entre as igrejas evangélicas.
PARA USO DO PROFESSOR
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