010-Quem habitará no tabernáculo de Deus - Salmos Lição 10[Pr Denilson Lemes]01mar2023
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LIÇÃO 10
QUEM HABITARÁ NO TABERNÁCULO DE DEUS
TEXTO ÁUREO: “Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?” (Salmo 15.1)
LEITURA BÍBLICA: SALMO 15.1-5
INTRODUÇÃO Já estudamos os salmos sapienciais que tratam especialmente da lei do Senhor e de como o fiel deve pautar os seus caminhos sobre as suas sagradas palavras. A partir desta lição, propomos analisar individualmente alguns outros salmos que também são de caráter sapiencial, a começar com o de número 15, mas que, de um modo distinto dos anteriormente estudados, se expressam num tom exortativo em que são comparadas as virtudes daquele que espera em Deus com o caminho de vaidade dos ímpios e daqueles que confiam na violência e nas riquezas, chamando também a atenção para a ruína que aguarda estes, e a paz e segurança eterna que os justos colherão pela sua perseverança.
I – O VERDADEIRO TABERNÁCULO DE DEUS É O CÉU (V. 1) Neste salmo, o poeta sagrado questiona a Deus sobre quem é apto para habitar no Seu tabernáculo, no Seu santo monte. A princípio, as palavras apontam para o local escolhido por Deus para ali fazer habitar o Seu santo nome, e de onde poderia ser invocado, estando ali representado pela presença da arca e do propiciatório; e, de fato, por vezes o salmista expressa sua alegria e desejo de estar na casa de Deus, isto é, no templo em Jerusalém, como um local de paz e reunião com o Seu povo para juntos orarem e louvarem ao Senhor (cf. Sl 122; 42.1-4; 116.18-19). Porém, aqui a indagação do salmista só faz sentido quando levamos em consideração que o tabernáculo ou templo terrestre apontava para a realidade de um verdadeiro tabernáculo, espiritual, erguido não por mãos, mas, não obstante, erguido para o homem, onde este poderia encontrar-se com Deus e habitar junto d’Ele (cf. Hb 8.1-2). No tabernáculo terrestre, somente os sacerdotes entravam, repetidas vezes, mas nunca ali permaneciam; enquanto os demais israelitas se congregavam do lado de fora; mas o verdadeiro tabernáculo é para todos os fiéis, que nele entram com ousadia e confiança (cf. Hb 9.6-10; 10.19-21). E, considerando que na congregação de Israel havia não apenas sinceros e fiéis, mas hipócritas que não haviam sido chamados por Deus, e que pronunciavam em vão o Seu santo nome, seus corações estando longe d’Ele (cf. Is 1.11-12); a pergunta do salmista torna-se ainda mais pertinente ao fato de que há um verdadeiro tabernáculo onde o ímpio não pode entrar, mas somente os chamados por Deus. A primeira constatação que fazemos, portanto, é de que há uma contrariedade no meio do povo de Deus, que angustia o justo e prova a sua paciência, ao mesmo tempo em que ilude o ímpio, e que é a aparente falta de distinção entre um e outro na congregação do Senhor. O ímpio não apenas pode desfrutar, no presente, dos benefícios da criação assim como o justo, mas às vezes até em condições mais favoráveis, pois não há limites para os seus desejos e ambições; pior do que isso, muitas vezes o ímpio encontra-se no meio do povo de Deus, onde ele dissimula seu desprezo pela piedade (cf. 2 Tm 3.5). O salmista não tem dúvida de que Deus não pode ser enganado, e que eventualmente as obras do ímpio serão reveladas, para sua eterna condenação, e assim a diferença entre ambos se fará notória (cf. Hc 1.2- 4; Ml 3.18; Sl 1.6); por isso, o salmista quer que consideremos, não quem está frequentando o tabernáculo de Deus no presente, mas sim quem habitará o verdadeiro tabernáculo, ou seja, o céu, e estará eternamente seguro junto de Deus, e nunca será abalado (v. 5).
II – AQUELE QUE AMA A JUSTIÇA EM SI MESMO E NO PRÓXIMO (VV. 2-3) A resposta vem de imediato, e ao mesmo tempo em que descreve o caráter santo e justo daquele que está apto para morar no céu, condena o ímpio naquilo que mais o caracteriza e que nenhuma aparência de piedade poderá encobrir diante do Senhor: “Aquele que anda em sinceridade, e pratica a justiça, e fala verazmente segundo o seu coração”. Não possui apenas a aparência da piedade, enquanto nega sua eficácia, mas pratica a justiça porque ama e “acredita”, por assim dizer, nela, como aquilo que Deus determinou que se faça e que, portanto, é a melhor coisa a se fazer; de tal modo que sua fala não é uma capa ou disfarce para encobrir um coração perverso, mas corresponde exatamente ao que ele é no interior (cf. Tg 2.12; Mt 12.34). Ao mesmo tempo, aquele que verdadeiramente habitará no tabernáculo de Deus, além de se coadunar com os ditames da justiça tanto em ações e palavras, no interior e no exterior, deseja que o seu próximo faça o mesmo, ao passo que a alegria do hipócrita é ver o seu próximo manchado e degradado pela injustiça, de tal modo que possa dissimular melhor sua própria falsa piedade. Assim, o justo, aquele que habitará no tabernáculo de Deus, tanto não difama, isto é, não desonra o próximo publicando seus erros, como também não aceita afronta, ou acusação, da parte de outros contra ele. Não significa que o justo encobre os pecados alheios; apenas ele toma a atitude certa – que não é difamando, aceitando afronta, em prejuízo à honra do próximo, o que é um mal equiparável a qualquer outro tipo de injustiça (cf. Gl 6.1-2; Tg 5.19-20; Sl 51.13).
III – AQUELE QUE FALA E JULGA COM EQUIDADE (VV. 4-5) Aquele que habitará no tabernáculo de Deus não se agrada em ver a iniquidade no próximo, desejando antes recuperá-lo ou trazê-lo de volta ao caminho da justiça; mas também não se agrada daqueles que, rejeitando todo o conselho de Deus, se fazem réprobos, e jamais diminui a injustiça de seus atos, condenando-os, sabendo que o próprio Deus aborrece todo tipo de pecado (cf. Ef 5.11). Por sua vez, honrando os que temem a Deus, ele demonstra não ser levado pela aparência deste mundo, que julga os que estão em destaque aos seus próprios olhos – geralmente os ímpios, e valoriza o próximo por aquilo que realmente lhes confere honra – o entendimento da lei e o temor ao Senhor (cf. Sl 49.20). Mas esse amor à justiça é provado de forma ainda mais notável quando este homem está disposto a ser prejudicado, a perder o que tem, para cumprir a sua palavra, ao invés de buscar justificativas ou razões convincentes para esquivar-se dos compromissos assumidos com o próximo. Por fim, o poeta sagrado aplica o mesmo princípio a outro aspecto onde aquele que habitará no tabernáculo de Deus se diferencia dos demais: “Aquele que não empresta o seu dinheiro com usura, nem recebe subornos contra o inocente”, o que está estreitamente relacionado ao amor pela justiça, pois tanto a usura como o suborno representam formas injustas de utilizar o dinheiro. O salmo termina então com a promessa de que somente aqueles que fazem estas coisas verdadeiramente habitarão o santuário de Deus, pois, ao contrário dos edifícios construídos por mãos, que passarão, o verdadeiro santuário, e aqueles que nele habitarem, nunca será abalado (cf. Sl 46).
CONCLUSÃO Consideremos a descrição deste salmo não como mandamentos a serem cumpridos para que possamos ser salvos, mas características do caráter do verdadeiro salvo, daquele cujo coração foi verdadeiramente redimido da iniquidade e no qual foi derramado o amor de Deus pela justiça, justiça essa que agora predomina e dirige todos os seus atos, palavras e relacionamentos com o próximo.
PARA USO DO PROFESSOR
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