009-Os Salmos Imprecatórios - Salmos Lição 09 [Pr Denilson Lemes]22fev2023

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LIÇÃO 9 

OS SALMOS IMPRECATÓRIOS 

TEXTO ÁUREO: “Ó Senhor Deus, a quem a vingança pertence, ó Deus, a quem a vingança pertence, mostra-te resplandecente!” (Salmo 94.1) 

LEITURA BÍBLICA: SALMO 58.1-11 

INTRODUÇÃO Mais de vinte salmos do Saltério caracterizam-se por linguagem veemente e violenta contra os ímpios, o salmista rogando a Deus a ruína e destruição daqueles que quebrantam a Lei e perseguem os justos. Essas expressões de imprecação – ou maldição – podem parecer chocantes e até exageradas para nós, cristãos, que somos ensinados a orar pelos nossos inimigos, e a abençoar, e não amaldiçoá-los. Mas veremos que não apenas o contexto e o estilo próprio desses salmos como a própria natureza e propósito das imprecações bíblicas justificam a sua existência no repertório de orações e louvores cristãos, e de modo algum contradizem o espírito do Evangelho. 

I – OS ÍMPIOS SÃO INIMIGOS DE DEUS E SERÃO CASTIGADOS (SALMO 58) A primeira consideração que devemos fazer ao ler os salmos imprecatórios é a respeito de quem são aqueles contra os quais o salmista dirige suas imprecações. Especialmente nestes salmos, os ímpios – isto é, aqueles que não temem a Deus e não obedecem à Sua lei – são descritos em suas ações e palavras, bem como em seus pensamentos e motivações, como corrompidos desde o nascimento, e no mais profundo do seu ser: “no coração forjais iniqüidade”, “alienam-se os ímpios desde a madre” (Sl 58.1-4; 140.2- 3). Não se trata aqui de uma descrição da depravação geral que todo homem herda ao vir a este mundo (cf. Rm 3.10-19). O salmista está antes retratando homens impenitentes em sua incredulidade e desobediência – aqueles que as Escrituras denominam ímpios, isto é, aqueles cuja natureza pecaminosa não é mitigada por uma consciência para com Deus – são como serpentes surdas que não podem ser controladas pelo encantador (cf. Sl 58.5). Que a prosperidade dos ímpios é passageira e subitamente será visitada com ruína, não apenas os imprecativos, mas diversos outros salmos descrevem, de modo a alertar o fiel quanto à aparência deste mundo (cf. Sl 37.1-2, 7-10). Nestes salmos, porém, essa visitação é instada pelo salmista junto a Deus, para que o justo possa se consolar na justiça e infalibilidade do Seu juízo: “O justo se alegrará quando vir a vingança; lavará os seus pés no sangue do ímpio”, e saber que há uma recompensa para aquele que obedece ao Senhor: “Então dirá o homem: Deveras há uma recompensa para o justo” (Sl 58.10-11). Ambos os sentimentos são perfeitamente coerentes com o Evangelho, uma vez que a justiça é do caráter e essência do próprio Deus, de modo que os santos devem desejar e se alegrar na sua execução, tanto ao condenar como ao salvar (cf. Mt 5.6; Ap 6.10; 19.1-3). É verdade que, à luz de uma revelação escatológica mais plena, sabemos que essa justiça está reservada para se manifestar, na sua plenitude, no último dia, na vinda de Cristo (cf. 2 Tm 4.1; Ap 22.11-12), enquanto a petição do salmista é de que essa visitação ocorra ainda nesta vida. Neste caso, ele expressa sua certeza de que Deus, sendo juiz de toda a terra e reservando-se ao direito de visitar os pecadores como e quando desejar, fará aquilo que Ele já tem feito há muitas gerações, visitando o pecado tanto de indivíduos como de povos ainda nesta vida. 

II – OS ÍMPIOS SÃO INIMIGOS DO POVO DE DEUS (SALMOS 35, 59, 69, 83) Um dos aspectos que mais se destaca nos salmos imprecativos é o desejo do salmista de se ver vingado por Deus contra os seus inimigos, aqueles que o perseguem e o afligem: “Pleiteia, Senhor, com aqueles que pleiteiam comigo” (Sl 35.1). Contudo, ele não o faz por algum senso de superioridade ou mérito próprio, mas, reconhecendo-se também um pecador, clama pela justiça de Deus contra aqueles que buscam a sua vida injustamente: “Porque sem causa encobriram de mim a rede na cova, que sem razão cavaram para a minha alma”, “falsas testemunhas se levantaram”, “tornaram-me o mal pelo bem” (Sl 35.7, 11- 12; cf. Sl 69.4-5). Sem dúvida aqui ele representa todo aquele que teme a Deus e n’Ele espera, mas é afligido pelo ímpio em seu momento de fraqueza, ou em razão da sua piedade. Daí também ele clamar pela vingança divina contra aqueles que afligem o seu povo, o povo eleito: “Pois não falam de paz; antes projetam enganar os quietos da terra” (Sl 35.20); “tu, pois, ó Senhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel, desperta para visitares todas as nações” (Sl 59.5, 11). Assim, os ímpios se mostram inimigos de Deus não apenas pelos pecados que cometem diretamente contra o Criador, mas pelas injustiças praticadas contra aqueles que são de Deus: “Porque eis que teus inimigos se alvoroçam... astutamente formam conselho contra o teu povo, e conspiram contra os teus protegidos” (Sl 83.1-4). Alguns se sentem perplexos diante das palavras pelas quais o salmista expressa o seu amor e zelo pela santidade de Deus: “Não aborreço eu, ó Senhor, aqueles que te aborrecem?” e “aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos” (Sl 139.21-22). Não há, porém, nenhuma dificuldade aqui, se considerarmos que não existe separação entre o homem e os seus atos – isto é, entre o pecado e o pecador. Aborrecer o pecado é aborrecer aquele que o pratica. Se arrependido e inclinado pela graça de Deus à prática da justiça, o pecador redimido deve ser amado; se, porém, permanece na impenitência, ele deve ser aborrecido, pois é aborrecido pelo próprio Deus: “O Senhor prova o justo e o ímpio; a sua alma odeia ao que ama a violência” (Sl 11.5; cf. Pv 15.9). É verdade que Deus demonstrou o seu amor para conosco sendo nós ainda pecadores, como afirma o apóstolo, mas dentro de um propósito eterno que redundaria em nossa eterna redenção do pecado. Não foi porque éramos pecadores, e sim apesar de sermos pecadores, dignos da Sua ira e castigo, que Ele nos amou e, por isso, nos salvou (Rm 5.6-8). Quando Jesus nos ensina a amar nossos inimigos, orar pelos que nos perseguem, bendizer os que nos maldizem, obviamente não se trata de amá-los por serem pecadores, mas sim amá-los à maneira do próprio Deus, usando de abnegação, paciência e misericórdia para com eles, para que porventura se arrependam dos seus caminhos e evitem a condenação certa do pecado (Mt 5.39-48; Tg 5.19-20). 

III – A VINGANÇA PERTENCE A DEUS (SALMO 94) Concluímos chamando a atenção para o fato de que, em momento algum, o salmista fomenta o sentimento de vingança carnal, mas antes a mortifica dirigindo-se sempre a Deus, como aquele que conhece os corações e que é o único que pode fazer verdadeira justiça (Sl 94.1-2). O poeta sagrado nos inspira a paciência, pois sabe, assim como nós, que a retribuição humana, carnal, pode resultar desastrosa e aumentar ainda mais a iniquidade no mundo (cf. Tg 1.19-20). A vingança, sendo prerrogativa de Deus, é uma promessa sobre a qual podemos descansar e vencer os dias maus, nos quais o ímpio possa prevalecer, ao mesmo tempo em que, fazendo o bem, nos elevamos na prática da justiça e exercemos o amor pelo qual alguns, assim como nós mesmos, poderão evitar a terrível sentença: “Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor” (Sl 94.12-13, 22-23; cf. Rm 12.19-21; 1 Ts 4.9). 

CONCLUSÃO Os salmos imprecatórios revelam o aborrecimento do próprio Deus pelo pecado e a Sua paciência em relação aos que o praticam; de modo algum Ele tem o culpado por inocente, e o pecador impenitente certamente sofrerá as terríveis e eternas conseqüências do seu caminho. Que a mensagem destes salmos nos inspire a paciência para sofrermos os dias maus em que os ímpios prevalecem neste mundo, bem como o verdadeiro amor que nos encoraja a repreender o pecador e assim, porventura, trazê-lo ao arrependimento e ao caminho da salvação.

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA 
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
APOIO 
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira


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