008-Os Salmos Sapienciais 2ª Parte - Salmos Lição 08[Pr Denilson Lemes]14fev2023
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LIÇÃO 8
OS SALMOS SAPIENCIAIS (PARTE II)
TEXTO ÁUREO: “Muita paz tem os que amam a tua lei, e para eles não há tropeço” (Salmo 119.165)
LEITURA BÍBLICA: SALMO 119.1-8
INTRODUÇÃO Nesta lição concluiremos o estudo dos salmos sapienciais procurando explicar o propósito e as principais lições do Salmo 119 – o salmo e capítulo mais extenso de toda a Bíblia Sagrada, e o que trata mais ricamente da relação do fiel com a Palavra de Deus. Longe de tentar expor o texto versículo a versículo, nosso intuito é acompanhar o desenvolvimento das idéias do salmista, demonstrando que toda a composição trata de uma experiência particular do poeta sagrado que, à luz da sabedoria divina, é explicada de modo a servir de modelo para todos nós.
I – A FIDELIDADE E ANELO PELA LEI (VV. 1-88) Uma primeira consideração com respeito ao Salmo 119 está relacionada à estrutura peculiar e muito bem elaborada deste salmo. Seus 176 versículos estão divididos em 22 seções de 8 versos cada, cada seção denominada de acordo com uma das 22 letras do alfabeto hebraico – assim, a primeira seção (vv. 1-8) é denominada “alefe”, a segunda (vv. 9-16), “bete”, etc. A razão disto é que a primeira palavra hebraica de cada um dos oito versos de uma determinada seção começa com a mesma letra – assim, a palavra inicial de cada verso da seção “álefe”, por exemplo, começa com esta letra. Naturalmente, esse acróstico, de muita beleza poética e grande valor para a memorização do texto, perdeu-se através da tradução, mas ainda é possível identificarmos as 22 seções e basear nossa leitura e interpretação do texto sobre essa antiga divisão. Conforme analisarmos esses grupos, notaremos que este salmo é uma oração, onde o compositor se identifica como um jovem fiel (vv. 9, 99-100), que ama a palavra de Deus, mas sofre em meio a uma geração corrompida e escarnecedora, que o persegue e oprime (vv. 61, 83, 109); e, contudo, ele encontra seu conforto na palavra de Deus, ao mesmo tempo em que anela por livramento. Na seção álefe (vv. 1-8), o salmista começa proclamando, de modo semelhante ao salmo 1, que a verdadeira felicidade está em obedecer à palavra de Deus, pois somente assim é possível agradá-l’O: “louvar-te-ei com retidão de coração”, como também obter consolo na aflição: “não me desampares totalmente”. Em seguida, na seção béte (vv. 9-16), declara que, para não se deixar levar pelas disposições contrárias e enganosas do coração, ele se aplicou à palavra de Deus e se esforçou para guardá-la, a fim de purificar o seu caminho – “para eu não pecar contra ti – e pede ao Senhor que o ajude neste propósito: “não me deixes desviar”, “ensina-me os teus estatutos”, pois sua intenção é sincera: “de todo o meu coração te busquei”, “escondi a tua palavra no meu coração”, “folgo mais com os teus testemunhos”. Na seção guímel (vv. 17-24), ele pede ao Senhor entendimento: “desvenda os meus olhos”, “não escondas de mim os teus mandamentos”, pois tem meditado na palavra mesmo sob o escárnio e desprezo dos ímpios, e correndo o risco de ser perseguido pelos poderosos. Na seção dálete (vv. 25-32), acrescenta que depende totalmente de Deus não apenas para obter entendimento, mas para ser vivificado e fortalecido para obedecer à palavra: “correrei pelo caminho dos teus mandamentos, quando dilatares o meu coração”; e na seção seguinte, hê (vv. 33-40), expressa o desejo de perseverar até o fim, se tão somente o Senhor lhe der, além de entendimento, graça para rejeitar o pecado, que tanto teme cometer: “dá-me entendimento, e guardarei a tua lei”, “faze-me andar na verdade dos teus mandamentos”, “inclina o meu coração a teus testemunhos e não à cobiça”. Deste modo, na seção vav (vv. 41-48), ele promete confessar perante os homens a lei que tanto ama e na qual tanto se alegra: “terei que responder ao que me afronta”, “também falarei dos teus testemunhos perante os reis, e não me envergonharei”. Na seção záin (vv. 49-56), o salmista expressa sua esperança em Deus, pois, embora aflito e indignado com o desprezo dos ímpios pela lei, ele se lembra dos juízos passados e assim se consola e é vivificado para se manter fiel à palavra: “Isto é a minha consolação na minha angústia, porque a tua palavra me vivificou”. Oprimido pelos ímpios, como cita na seção hête (vv. 57-64), ele confessa: “eu não me esqueci da tua lei”, e, ao invés de negociar sua fidelidade para agradar aos ímpios, ele afirma que preza apenas a companhia dos justos. Ele reconhece, na seção tête (vv. 65-72), que suas aflições têm servido a um bom propósito: “Antes de ser afligido, andava errado; mas agora guardo a tua palavra”, depois disso passando a desejar a lei de Deus mais do que o ouro e a prata. Mas, por outro lado, na seção iode (vv. 73-80) deseja alívio para suas aflições, e que aqueles que deram testemunho da sua perseverança em Deus debaixo da aflição também testemunhem a benignidade divina para com ele. De fato, este anelo irrompe na seção cafe (vv. 81-88) como uma súplica de alguém que suportou tempo demais sua aflição, mas ainda assim espera em Deus, sabendo que Ele não faltará com a promessa: “Quando me consolarás tu?”, “ajuda-me!”.
II – SABEDORIA, ENTENDIMENTO, PRUDÊNCIA E CERTEZA DO JUÍZO (VV. 89-144) O salmista celebra a fidelidade e poder de Deus manifesto através da palavra, e a grande alegria que encontrava na profundidade inescrutável do seu entendimento: “o teu mandamento é amplíssimo” – isto na seção lâmede (vv. 89-96). Na seção mêm (vv. 97-104), fala do seu amor pela palavra, pois através dela ele se tornou sábio e entendido, “mais sábio que meus inimigos”, “mais entendido do que todos os meus mestres”, “mais prudente do que os velhos”. Mesmo em meio a sua atual aflição, ele não poderia se apartar do testemunho de Deus, pois a palavra é a lâmpada para os pés e a luz para o caminho, como testifica na seção nun (vv. 105-112). Ao contrário daqueles que se retiram de Deus pela sua duplicidade, na seção sâmeque (vv. 113-120) o salmista reafirma sua esperança e segurança no Senhor, na Sua palavra, certo de que Ele não faltará e não o envergonhará; e relembra o juízo que aguarda os apóstatas: “Tu desprezas a todos os que se desviam dos teus estatutos”, “tu tiraste da terra, como escórias, a todos os ímpios”. Na seção ain (vv. 121-128), suplica que Deus não permita ser ele entregue nas mãos de seus inimigos, e que não tarde em fazer justiça ao Seu servo e visitar a infidelidade dos maus; na seção pê (vv. 129-136), acrescenta o quanto tem sido zeloso pela lei, angustiando-se com a desobediência dos homens, a ponto de ser consumido pelo seu zelo, como afirma na seção seguinte, tsadê (vv. 137-144).
III – SÚPLICA E ESPERANÇA NA CERTEZA DO SOCORRO DIVINO (VV. 145-176) Aproximando-se do fim de sua oração sapiencial, o salmista mantém-se firme em sua petição e lembra, na seção cofe (vv. 145-152), como tem clamado ao Senhor e sido confortado pela certeza da Sua proximidade, na medida em que O busca na palavra: “esperei na tua palavra”, “tu estás perto, ó Senhor”. Na seção seguinte, rexe (vv. 153-160), embora afligido pela quantidade e força dos seus perseguidores, o que o levou a expressar sua ansiedade pelo livramento, ele não se desespera, pois sabe quantas são as misericórdias e os juízos do Senhor. Na seção chim (vv. 161-168), reafirma seu aborrecimento pela transgressão e seu amor pela lei, bem como a alegria e paz que colhia dessa sincera devoção à palavra de Deus; e finalmente, na seção tau (vv. 169-176), conclui exprimindo seu desejo de que sua súplica seja ouvida e atendida brevemente pelo Senhor; o salmista promete anunciar a palavra e louvar a Deus pela salvação de sua vida, a qual compara, pela gravidade da sua aflição, à ovelha desgarrada que é buscada e resgatada pelo pastor: “Desgarrei-me como a ovelha perdida; busca o teu servo”.
CONCLUSÃO Apesar de sua extensão, o Salmo 119 apresenta uma linha de pensamento muito clara e instrutiva, orientando-nos a buscar ao Senhor na Sua palavra, pois, em meio à aflição, é na palavra que encontraremos instrução, consolação e a certeza de que Deus está conosco independentemente das circunstâncias exteriores, e que não nos faltará, mas cumprirá tudo o que prometeu em Sua palavra, segundo o Seu bom propósito para conosco.
PARA USO DO PROFESSOR.
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