013 - A História de Jacó - Gênesis Lição 13[Pr Nilson Vital]22mar2022
LIÇÃO 13
A HISTÓRIA DE JACÓ
TEXTO ÁUREO: “E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não se chamará mais o teu nome Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou o seu nome Israel.” (Gn 35.10)
LEITURA BÍBLICA: GÊNESIS 28.10-22
INTRODUÇÃO Chegamos ao final do trimestre, completando o estudo do livro de Gênesis. Sendo o nosso propósito inicial expor e nos deter com maior minúcia apenas na primeira parte deste livro, pareceu oportuno fazer uma abordagem mais temática sobre a história dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, história essa que constitui o tema do restante do livro de Gênesis. Assim, procuramos destacar os aspectos mais importantes da história de Abraão, depois Isaque, e agora Jacó, a fim de compreendermos como a promessa da redenção, que despontou no princípio, logo após a Queda, manteve-se firme e foi sendo confirmada geração após geração do povo eleito de Deus.
I – DEUS CONFIRMA O CONCERTO EM JACÓ Não obstante escolhido desde o ventre de sua mãe para ser aquele em quem haveriam de se cumprir as promessas feitas a Abraão, Jacó somente foi reconhecido como o descendente eleito após a ocasião em que sutilmente tomou o lugar de seu irmão Esaú, recebendo a bênção do primogênito – cujo direito já havia adquirido, comprando-a daquele que a havia desprezado. Entendendo que o filho menor haveria de ser o seu herdeiro espiritual, Isaque despede Jacó para a terra de seus pais – Harã – ao mesmo tempo em que confirma sua bênção anteriormente outorgada, confiando-o ao Senhor, para que Ele confirmasse para com seu filho a promessa feita a Abraão, do mesmo modo que havia sido confirmada para com Isaque: “E Deus Todo-poderoso te abençoe, e te faça frutificar, e te multiplique, para que sejas uma multidão de povos; e te dê a bênção de Abraão” (Gn 28.3-4). Assim, Jacó parte da casa de seu pai a fim de encontrar o seu lugar no propósito divino, ainda misterioso para o jovem, mas que ele compreenderia melhor após uma longa estadia na terra de Harã. Para os fins do nosso estudo, é de importância fundamental a visão registrada ainda no capítulo 28. Ainda no começo da longa jornada que tinha pela frente para chegar até a terra entre os rios, Jacó resolve pernoitar num local ermo onde não dispunha de nada mais confortável que uma pedra por cabeceira. Mas é naquela rústica acomodação que o Senhor Deus se lhe manifesta, revelando que aquele jovem não apenas era o Seu escolhido para herdar a benção de seus pais, mas também que o Todopoderoso estava e continuaria estando nos acontecimentos de sua vida, operando muitas vezes e de forma maravilhosa – daí a visão de anjos subindo e descendo continuamente por uma escada. De fato, somente a operação divina poderia explicar como situações ou circunstâncias tão inusitadas como aquelas pelas quais Jacó passou e haveria de passar puderam vingar ou prosperar em seu favor, ao mesmo tempo em que frustraram as expectativas dos que se lhe opunham. E essa é a natureza das maravilhas de Deus – somente aqueles que têm olhos para ver e ouvidos para ouvir são capazes de percebê-las onde quer que se manifestem (cf. Jo 1.50-51). Sob a luz dessa visão, podemos explicar brevemente que todo o tempo da hospedagem de Jacó junto de seu tio Labão foi de adversidades contrabalanceadas pela intervenção divina: o fato de ter que trabalhar mais tempo do que o combinado a fim de desposar Raquel; o afinco e a renúncia aplicadas na proteção do rebanho de seu sogro, ao mesmo tempo em que este procurava meios de não deixa-lo prosperar e tornar-se independente; a disputa entre suas mulheres que procuravam tornar-se uma mais amada que a outra, dando-lhe mais filhos; tudo isto redundou em amadurecimento espiritual para Jacó. Ali, ele aprendeu a confiar e a depender ainda mais do Senhor Deus, testemunhando a misericórdia divina em seu favor, na medida em que os seus opositores eram frustrados em seus esforços para diminui-lo, até que eventualmente esses mesmos que o aborreciam não desejavam mais perde-lo do seu alcance (Gn 30.27). Consideremos também a paciência e resignação de Jacó debaixo dessas circunstâncias, somente deixando o seu lugar mediante orientação do Senhor (Gn 31.10-13).
II – JACÓ SE ENCONTRA COM DEUS Assim, Jacó reúne suas mulheres, seus filhos e todos os seus bens, e parte de volta para Canaã. Esta viagem também representa uma experiência importante na vida do patriarca, pois é quando ele recebe dois grandes livramentos da parte de Deus – um, de seu tio Labão, que poderia tê-lo feito voltar para Harã, não fosse o próprio Deus tê-lo prevenido: “Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem mal”. O outro, de seu irmão Esaú, que bem poderia ter se aproveitado da visível fragilidade da casa do seu irmão para vingar-se do ocorrido anos atrás, uma vez que os edomitas já haviam se tornado fortes. Apesar da grande aflição que se abateu sobre o patriarca, não foi menor a influência de Deus sobre o desenrolar dos acontecimentos (cf. Gn 32.1-2). Jacó não apenas achou graça aos olhos de Esaú, mas também conseguiu sabiamente despedi-lo adiante para a terra do sul, aproveitando-se da oportunidade para passar à terra das peregrinações de seus pais e ali permanecer. Foi, porém, durante a madrugada que antecedeu esse encontro tão angustiante para Jacó que ele teve uma das suas maiores experiências com Deus. A Escritura descreve que, junto ao vau de Jaboque, o patriarca, tendo ficado para trás, “lutou” com um varão até a alva. Este varão, conforme lemos, era o próprio Deus, manifestado ou representado através de Seu anjo, e estava ali para provar Jacó na sua perseverança e determinação por prevalecer, manifestada ainda no ventre de sua mãe. E, tendo prevalecido com Deus naquele momento misterioso, foi abençoado e recebeu o nome de Israel, isto é, “aquele que luta ou prevalece com Deus”, ou “que é como um príncipe de Deus” (cf. Os 12.3-4).
III – JACÓ ABENÇOA SEUS FILHOS A próxima etapa da história de Jacó corresponde ao tempo das suas peregrinações pela terra de Canaã, onde não faltaram as turbações causadas por alguns de seus filhos – das quais aquela que resultou na falsa notícia de que José, o filho de sua velhice, havia sido morto por alguma fera, sem dúvida foi a mais desoladora, levando o patriarca a uma tristeza que ele consideraria jamais abandonar até a morte (cf. Gn 37.35). Mas, enquanto Jacó passava seus anos na tristeza causada pela separação do filho predileto, José era exaltado por Deus na terra do Egito, até tornar-se o segundo após o faraó. Era a providência divina atuando em favor da nação eleita, preparando José para ser o instrumento de Deus para trazer o Seu povo até o Egito, onde os filhos de Jacó se tornariam uma grande nação, conforme prometido e anunciado muito tempo atrás a Abraão (cf. Gn 50.20). Assim, com grande alegria, mas não sem buscar a orientação do Senhor, Jacó desce ao Egito com toda a sua família (cf. Gn 46.1-5). Ali, os filhos de Jacó começaram a se multiplicar grandemente – o que para o patriarca era um claro sinal de que chegaria o tempo de partirem novamente de volta para a terra das suas peregrinações. Ele expressa então o desejo de ser sepultado com seus pais, pois morreria na mesma confissão de ser um peregrino em terra estranha e na mesma esperança de que Deus proveria um lugar melhor para sua habitação (Gn 47.27-31). Como um último testemunho de sua fé, o patriarca reúne seus filhos para abençoá-los no tocante às coisas futuras – assim como o fez Isaque (cf. Hb 11.20- 21) – e profeticamente anunciar os desdobramentos da história do seu povo, inclusive mencionando a vinda do Messias, prenunciado no cetro que não se arredaria de Judá (uma referência à monarquia davídica) até que viesse Siló, isto é, aquele a quem o cetro pertence por direito (cf. Lc 1.32-33).
CONCLUSÃO Gênesis se encerra com os filhos de Jacó – agora não mais setenta e tantas almas, mas um povo muito numeroso – exatamente onde deveriam estar para que as promessas de Deus continuassem se cumprindo. A bênção profética do patriarca, seu sepultamento na terra de Canaã e o pedido de José para que seus ossos fossem levados para lá quando Deus visitasse o seu povo – tudo apontava para a certeza de que tudo o que havia sido prometido aos pais se cumpriria. E o tempo para que tudo se cumprisse estava chegando.
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