006-As abominações das nações - Levítico Lição 06[Pr Afonso Chaves]03nov2020
LIÇÃO 6
AS ABOMINAÇÕES DAS NAÇÕES
TEXTO ÁUREO: “Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis conforme os meus juízos e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o Senhor, vosso Deus” (Lv 18.3-4).
LEITURA BÍBLICA: LEVÍTICO 18.1-5, 26-30
INTRODUÇÃO Mais do que uma série de leis abrangendo diversos aspectos da conduta do povo de Israel, os capítulos que ora estudaremos são um testemunho da corrupção social e moral das nações no meio das quais a descendência de Abraão habitaria. O Senhor já lhes havia confiado leis que eram suficientes para instrui-los no caminho da verdadeira justiça e santidade; mas tamanhas eram as trevas da ignorância em que viviam os gentios que se fazia necessário exemplificar e discriminar diversos comportamentos que para aqueles povos bem podiam se passar por normais, mas, para o povo que servia ao Deus vivo e verdadeiro e desfrutava da luz da Sua lei, deviam ser condenados e abominados.
I – ABOMINAÇÕES NAS RELAÇÕES FAMILIARES E NO CASAMENTO O propósito de Deus nas advertências que encontramos nestes três capítulos de Levítico era conscientizar os israelitas de que muitos costumes e hábitos do povo no meio do qual haviam vivido – os egípcios – e que ainda encontrariam em sua jornada – os cananeus – eram impuros, injustos e, portanto, abomináveis aos olhos do Senhor. Esses povos andavam em seus próprios caminhos, alheios a Deus e rebeldes à Sua vontade expressa até mesmo na natureza e na consciência de cada indivíduo; em consequência disso, haviam sido abandonados às suas próprias paixões, superstições e ídolos, tornando-se ainda mais réprobos e dignos do juízo de Deus que se abateu, primeiramente, sobre o Egito, e logo alcançaria também os cananeus (cf. vv. 24-25; Ex 12.12; Jr 10.2-3; At 14.15-17; Rm 1.21-32). Aqui encontramos uma das razões pelas quais os cananeus seriam expulsos e substituídos pelos hebreus na posse da terra que manava leite e mel. Havia sim a promessa feita a Abraão, mas Deus governa com justiça todos os povos, e os cananeus tiveram sua oportunidade e foram suportados com grande paciência, até que se mostraram completamente indignos da benção divina (cf. Gn 15.13-16).
Era, portanto, por amor à promessa feita aos pais que eles receberiam aquela terra, mas também agora era sua vez de se mostrarem dignos de tão grande beneficência, através da obediência à vontade divina, tal como revelada nas leis que haviam recebido (Dt 7.6-11). Assim como aqueles povos foram destruídos por tê-las transgredido, os israelitas viveriam se as cumprissem (cf. verso 5). É importante notar que, ao longo do capítulo 18, o Senhor detalha diversas situações envolvendo a relação conjugal – ou melhor, perversões e confusões criadas pelos gentios em torno da instituição divina do casamento. A lei divina, natural para todos os povos, ditava tanto a honra e o pudor no trato com os familiares como também a clareza de propósito do casamento: “Deixará o homem o seu pai e sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne” (Gn 2.24), implicando estas palavras na formação de um núcleo familiar, na união de um homem com uma mulher e na comunhão indissolúvel do casal. Os gentios, pelo contrário, no intuito de satisfazer suas próprias paixões, pouco se importavam com a violação do pudor e buscavam todo tipo de união concebível, não importando com o que essas relações implicassem: expor a nudez de familiares e parentes, bem como uniões incestuosas com os mesmos (vv. 6- 18), uniões com mulheres no seu período de impureza ritual (v. 19), uniões adúlteras (v. 20), uniões homossexuais (v. 22) e bestiais (v. 23). Ao contrário dos casos anteriormente estudados que tornavam o indivíduo impuro, mas que podiam ser expiados, tais uniões implicavam em violação da lei moral de Deus e deviam ser punidas rigorosamente como pecados inexpiáveis (Lv 20.10-21). Por isso são chamadas de “abominações” e são igualmente condenadas como pecado sob a dispensação do evangelho (cf. 1 Co 5.1; 6.10; Gl 5.19-21).
II – ABOMINAÇÕES E INJUSTIÇAS DIVERSAS No capítulo 19 encontramos proibições e advertências de Deus sobre diversas situações, algumas envolvendo a violação da lei dos mandamentos, outras relacionadas à santidade proclamada nos rituais levíticos, e outras ainda tratando de questões que hoje chamaríamos de “sociais”, pois dizem respeito ao relacionamento dos israelitas uns com os outros em circunstâncias que poderiam envolver injustiça e opressão sobre os mais fracos, caso o Senhor não estabelecesse princípios que favorecessem a prática do amor e da benevolência. Não sendo possível nos delongarmos sobre todos os assuntos discutidos aqui, apontamos apenas alguns, como a advertência contra a idolatria, que podia assumir formas horrendas e cruéis como entre os gentios (Lv 19.4; cf. 18.21, 20.2), e contra adivinhações, encantamentos e qualquer outra prática baseada em superstições relacionadas ao mundo espiritual ou aos mortos (Lv 19.26b, 28, 31). Tais práticas deviam ser abominadas e condenadas da forma mais rígida entre o povo que conhecia aqu’Ele que é o Senhor, o único Deus (Lv 20.2-7). Destacamos ainda que, mais do que simplesmente impor uma norma ética correta, o padrão de conduta social aqui definido por Deus visava incutir no coração do israelita o amor pelo próximo – amor que, na plenitude dos tempos, o Senhor Jesus expressaria novamente na mesma expressão já enunciada em Levítico: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (v. 18). Por fim, em consequência dessas leis, a nascente sociedade israelita desenvolveu um caráter único que a diferenciava de todos os outros povos como uma nação justa, benevolente e piedosa, seja no trato dos seus líderes com o povo, seja no trato de uns com os outros, seja no trato com os estrangeiros.
III – CRISTO NOS RESGATOU DAS ABOMINAÇÕES DAS NAÇÕES A lição mais importante que podemos extrair destes capítulos para aplicação à igreja atual é a de que, assim como Israel, nós também fomos chamados para ser uma nação que conhece a vontade de Deus e sabe que a Sua vontade não é apenas uma negação dos costumes do mundo, mas a afirmação de uma santidade que nasce no interior, pela graça e o poder assegurados pela obra de nosso Senhor Jesus, e que deve prevalecer sobre o pecado em um modo de vida justo, piedoso e agradável a Deus (Rm 12.1- 3; 1 Pe 4.1-4). As trevas de ignorância e afastamento de Deus em que as nações se encontram mostram-se um abismo cada vez mais profundo que nenhuma instituição, filosofia ou religião humanista consegue diminuir, e o pecado torna-se rapidamente em hábito social aprovado e, depois, incentivado e imposto sobre os incautos e incapazes de discernir o certo do errado. De um modo geral, Israel fracassou em se conformar à santidade divina, aderindo aos costumes dos povos até serem eles mesmos desarraigados da Terra Prometida; e muitos hoje também são induzidos a se conformar com este mundo; contudo, o mandato moral de Deus permanece o mesmo e o Seu propósito finalmente se cumprirá naqueles que perseverarem na obediência e santidade (2 Tm 2.19; Mt 7.24-27; Tt 2.11-14; 1 Pe 2.9-10).
CONCLUSÃO Servir a Deus não é simplesmente uma negação dos costumes deste mundo; é reconhecer o Seu senhorio sobre a nossa vida, entender Sua vontade boa, santa e agradável, e então viver de acordo com ela, seguros de que este é o único caminho para desenvolvermos uma existência realmente significativa, com um propósito divino que infalivelmente se cumprirá e cujos frutos serão colhidos não apenas na bem-aventurança da comunhão divina neste mundo, mas na eternidade.
PARA USO DO PROFESSOR
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