004-A justiça de Deus e o sexto mandamento - O Sermão do Monte Lição 04[Pr Afonso Chaves 17jan2017


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LIÇÃO 4: 
A JUSTIÇA DE DEUS E O SEXTO MANDAMENTO

TEXTO ÁUREO: “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.” (Tg 1.19, 20)

LEITURA BÍBLICA: MATEUS 5.21-26

INTRODUÇÃO
Depois de esclarecer que Ele veio, não para substituir ou cancelar, mas para cumprir a Lei em toda a sua extensão, e que por isso os Seus discípulos também deveriam estar igualmente comprometidos em obedecer até ao menor dos seus mandamentos, o Senhor Jesus passa a exemplificar como a justiça superior, perfeita, resultante dessa obediência, contrasta com a dos escribas e fariseus. A porção bíblica proposta para a presente lição faz parte de uma seção maior, que se estende até ao final do capítulo 5, na qual Jesus explica o sentido e faz a aplicação de alguns mandamentos da Lei de Deus. Por isso, o que vamos considerar aqui com respeito ao sexto mandamento, em particular, será importante também para compreendermos, de um modo geral, o restante do capítulo, a ser estudado nas próximas lições.

I – O MANDAMENTO EM SEU ASPECTO EXTERIOR (MT 5.21)

O mandamento aqui em destaque é: “Não matarás” (Ex 20.13), mas é importante notar que Jesus não faz alusão direta ao que diz a Escritura, e sim ao que “foi dito aos antigos” – não ao que eles leram como está escrito (Lc 10.26), mas sim ao que eles ouviram. A referência aqui é àquilo que os escribas e fariseus atribuíam aos “antigos”, sob o nome de “tradição” (Mc 7.3), e a pretexto de serem os únicos intérpretes e fiéis praticantes da Lei (Mt 23.2-4).
No passado, o povo de Israel contava com homens como Esdras, que faziam jus ao ofício de ensinar e interpretar as Escrituras (Ed 7.10; Ne 8.7, 8); mas agora, privando o povo da palavra de Deus, através de suas interpretações elaboradas e tradições, os escribas e fariseus tornaram-se condutores cegos (Mt 15.14; 23.16-22), conduzindo a si mesmos e ao povo para o abismo. Limitando o escopo da Lei ao seu aspecto meramente exterior e literal, os escribas e fariseus tratavam a transgressão ao sexto mandamento como qualquer outro crime cometido contra a lei dos homens, julgando-o apenas pelo ato consumado do homicídio, e negando a punibilidade de qualquer intenção, tampouco de qualquer pensamento em apoio ao mesmo ato. Assim podiam descansar confortavelmente na falsa segurança de que estavam cumprindo a Lei, pela aparente obediência à sua forma exterior, ao mesmo tempo em que fomentavam toda sorte de maldade em seu coração (Mt 23.25-27). E, qual o sacerdote, assim era o povo: os mandamentos citados por Cristo ao longo desse capítulo não são nada mais que uma amostra dos pecados mais corriqueiros daquela nação (Jr 7.9-11).

II – O MANDAMENTO EM SEU ASPECTO INTERIOR (MT 5.22)

Contudo, à interpretação dos escribas e fariseus, amparada na suposta antiguidade e autoridade dos “pais”, o Senhor contrapõe a Sua interpretação do mandamento de Deus – não dando um novo significado à Lei, mas expondo o sentido correto e fazendo a aplicação apropriada que ela sempre teve. Enquanto os escribas e fariseus negavam qualquer outro sentido ao sexto mandamento, além do próprio ato de homicídio, Jesus lembra que a Lei é espiritual (Rm 7.14), e o mandamento, amplíssimo (Sl 119.96). O contraste, portanto, não é entre Cristo e Moisés, mas entre Cristo, o verdadeiro Mestre do povo de Deus (Mt 23.8), e os falsos mestres que então enganavam ao povo. Como no caso de qualquer outro pecado, a raiz do homicídio está no coração (Mt 15.19, 20), pois é aí que surgem os pensamentos e intenções para todos os tipos de males, contaminando o homem, isto é, tornando-o tão culpado e sujeito a juízo diante de Deus como se tivesse consumado o ato literalmente. A ira está intimamente associada à transgressão do sexto mandamento, na medida em que é um ressentimento ou ódio pelo próximo, sem motivo, e que pode tanto se exteriorizar em palavras indiretas (“raca” é uma interjeição que expressa desprezo e ódio), como ofensas diretas contra o indivíduo que é alvo da ira, antes de chegar ao próprio ato do homicídio (Gn
4.5-8). E a própria Lei já condenava tais reações para com o próximo (Lv 19.16-18). De qualquer modo, toda indisposição dessa natureza é considerada carnal e pecaminosa, sendo passível de condenação (Gl 5.19-21; 1 Jo 3.15).
Há uma ira que é santa e justa, que nada tem a ver com ressentimento pessoal, mas que é uma expressão de zelo pela santidade e glória de Deus, quando ofendida pelos homens. Essa ira foi manifestada em Moisés, e no próprio Jesus. Não sendo por essa razão, a ira é uma obra da carne que o cristão deve mortificar (Cl 3.8), submetendo suas disposições interiores a Deus (Hb 4.12, 13) e atendo-se à prudência e mansidão em seu relacionamento com o próximo (Tg 1.19, 20). Se ele é um verdadeiro cidadão dos céus, diante dos primeiros sinais de ira sem motivo, ele saberá sujeitar seu coração à mansidão e a um espírito pacificador (Ef 4.26-27; Sl 4.4)

III – O DEVER IMPLÍCITO NO MANDAMENTO (MT 5.23-26)

Tendo declarado o verdadeiro sentido do sexto mandamento, e o alcance de tudo aquilo que proíbe, o Senhor Jesus passa a explicar o aspecto positivo da Lei de Deus, isto é, o dever implícito na proibição. Deus não apenas requer a abstenção de certas atitudes ou pensamentos que conduzem à transgressão do mandamento, mas também exige o cultivo de pensamentos e a prática de obras justas, em contraposição ao que é proibido. Mais ainda, no caso do mandamento em questão, é necessário buscar ativamente a reconciliação, a fim de que o próximo não incorra no pecado da ira. Para inculcar a necessidade e urgência desse dever, o Senhor usa de duas situações: Na primeira, Cristo ilustra a necessidade da reconciliação e sua prioridade inclusive sobre o culto a Deus, que naquele tempo consistia de sacrifícios e ofertas voluntárias, que o israelita trazia ao altar. De acordo com os ensinos dos escribas e fariseus, tudo aquilo que fosse trazido ao altar no templo certamente seria aceito por Deus, não importando qual fosse a condição do coração (Mt 23.23). Mas o Senhor Jesus ensina que é impossível prestar culto a Deus, esperando ser aceito e perdoado (Mt 6.14), sem antes buscar a paz com o próximo. No segundo caso, o Senhor Jesus ressalta a urgência da reconciliação através de uma comparação, onde o próximo ofendido e irado é como aquele que tem uma demanda em juízo contra nós. Chegará o tempo de ambos, ofendido e ofensor, serem trazidos à presença do Juiz (Tg 4.12) para que a causa seja julgada e o ofensor, condenado. Aqui vemos que não apenas aquele que fomenta a ira em seu próprio coração, mas o que suscita a ira no próximo, ambos são réus de juízo, e não há o que se alegar em defesa nem de um, nem de outro. A negligência em buscar reconciliação, ou rejeitá-la, quando esta é proposta, levará à eventual exclusão do reino dos céus (Mt 18.15-17).

CONCLUSÃO

Ao explicar o verdadeiro sentido do mandamento, Jesus demonstra como a graça proclamada pelo Evangelho e a obediência exigida pela Lei se complementam, na medida em que esta só pode ser legitimamente cumprida se compreendida à luz e no espírito daquela. O espírito da Lei perscruta os pensamentos mais profundos e sonda as intenções mais íntimas do coração. Não se pode considerar alguém cumpridor da vontade de Deus, se negligencia as Suas demandas de um comprometimento sincero e integral com a Sua santidade; tal atitude é claramente condenada nas Escrituras como hipocrisia.

QUESTIONÁRIO

1. Em que consiste a diferença entre o que está escrito na Lei e o que foi dito aos antigos?
2. Como os fariseus interpretavam e aplicavam o sexto mandamento?
3. O que é realmente proibido e condenado por esse mandamento?
4. Por que aquele que ofende ao próximo deve buscar o perdão?
5. Por que a reconciliação é uma questão a ser tratada com urgência?

PARA USO DO PROFESSOR

AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.

APOIO
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira



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