008-Heresias do sectarismo religioso - Heresias Lição 08[Pr Afonso Chaves]14nov2023
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LIÇÃO 8
HERESIAS DO SECTARISMO RELIGIOSO
TEXTO ÁUREO: “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós.” (1 Jo 2.19)
LEITURA BÍBLICA: 1 JOÃO 2.18-27
INTRODUÇÃO Sabemos que toda heresia é essencialmente sectária, pois promove divisão no corpo de Cristo. Através da exposição bíblica e da disciplina cristã, a Igreja convence a muitos hereges, desarraigando o erro dos seus corações e trazendo-os de volta à paz e comunhão dos santos. Outros, porém, resistindo à verdade, não apenas endurecem seus corações no erro, mas, não podendo mais dissimular entre os fiéis, abandonam a sua congregação e estabelecem novas organizações que, alegando representar com exclusividade a verdadeira igreja de Cristo, propagam livremente as heresias pelas quais deveriam ser censurados por todo aquele que está familiarizado com as Escrituras Sagradas.
I – A PRETENSA EXCLUSIVIDADE DO SECTARISMO RELIGIOSO A origem de qualquer grupo de natureza sectária pode ser relacionada diretamente a um ou mais indivíduos cuja influência foi decisiva tanto para a definição do seu corpo doutrinário característico como para a organização dos seus seguidores em um agrupamento distinto da sua denominação de origem. Esses indivíduos eram filiados a igrejas evangélicas, até o momento em que alcançaram sua suposta “iluminação” ou “revelação”. A partir de então, todos eles, cada um a seu modo, procuraram estabelecer o argumento de que toda a Cristandade teria fracassado e estaria reprovada aos olhos de Deus, e que a sua organização particular representaria uma restauração do verdadeiro povo de Deus. A doutrina peculiar aventada pelo seu fundador passa a ser o marco distintivo dessa organização e, conseqüentemente, negá-la seria rejeitar o próprio caminho da salvação. Em primeiro lugar, não podemos aceitar a ideia de que a igreja de Cristo tenha fracassado e em algum momento tenha simplesmente desaparecido da terra, porque a verdadeira igreja não é uma organização humana suscetível de corrupção, mas sim uma instituição divina, formada por aqueles que, em todas as gerações, deram testemunho de seu amor a Jesus, não amaram suas vidas até a morte e guardaram os Seus mandamentos. Nenhuma força nos céus ou na terra seria capaz de deter a marcha desta igreja, porque seu fundamento e sua cabeça é Cristo, o qual venceu todas as coisas e subjugou todas as potestades aos seus pés. Ainda que assaltada de todos os lados, a igreja cumprirá o seu chamado neste mundo, geração após geração, que é pregar o evangelho, converter as nações e perseverar até o fim (Mt 16.l8; 24.9-14; 28.18-20; Ef 1.18-23; Rm 8.31, 37). Dito isto, admitimos que as instituições em que os homens se organizam a fim de professar sua fé no evangelho, por congregarem tanto fiéis como infiéis, são passíveis de corrupção – haja vista o que ocorreu com o romanismo, e com outras denominações “cristãs” do passado e do presente. Mas isto se deve ao fato de que os fiéis estão no mundo, e a previsão bíblica é de que muitos que não são de Deus se unirão aos fiéis pelos mais diversos interesses, dissimulando sua falta de fé ou enganando-se a si mesmos quanto à sua salvação. A igreja de Cristo não é de modo algum prejudicada por esta situação, mas antes os fiéis são manifestos em tais circunstâncias (2 Tm 2.19; Jo 17.15-16; Mt 13.36-43, 47-50). Aí lembramos que a Reforma Protestante e outros movimentos precursores, diferentemente do sectarismo religioso, jamais cogitaram que a igreja de Cristo tivesse deixado de existir por causa da corrupção dos ensinos e costumes da instituição que até então se arrogava o título de “igreja”. O que aconteceu foi que, tendo sido proposta uma reforma dessa instituição à luz da doutrina verdadeiramente bíblica e apostólica, muitas igrejas aceitaram e foram reformadas e outras, sob o rígido controle da hierarquia romanista, a recusaram, e permaneceram na apostasia e na heresia. Nenhuma nova igreja foi instituída, nem houve divisão no verdadeiro corpo de Cristo.
II – A PRETENSA VERDADE DO SECTARISMO RELIGIOSO Uma das características fundamentais do sectarismo religioso é a sua pretensão a um conhecimento ou compreensão da verdade ao qual somente o seu grupo particular tem acesso, ao mesmo tempo em que esse conhecimento seria essencial para definir o caráter e aqueles que fazem parte da verdadeira igreja. Contudo, quando analisamos o teor desse conhecimento, notamos que trata de questões de menor importância, ou no mínimo controversas mesmo para aqueles que aderem exclusivamente ao ensino das Escrituras. Não são como as grandes questões a respeito da salvação discutidas pelos reformadores no século XVI. Algumas são de caráter prático – como guardar dias, abster-se de certos tipos de alimentos (Cl 2.16-23; Rm 14.1-6). Outras são de caráter escatológico, tendo se originado em datas previamente estabelecidas pelos seus fundadores para a vinda de Jesus – datas estas que, não tendo se concretizado, foram reinterpretadas para assinalar um grande acontecimento de ordem espiritual (Mt 24.36, 42; At 1.6-7). Na busca ávida por fundamentar suas opiniões sobre a vontade de Deus ou o sentido exato das Escrituras, o sectarismo religioso precisa se apoiar fortemente em uma autoridade extrabíblica. Assim, alguns apelam para as visões que seus fundadores supostamente teriam recebido, nas quais Deus teria lhes indicado o caminho correto em meio à “confusão das igrejas”, ou mesmo para uma nova “revelação” escrita, conforme já estudamos em lição anterior (Gl 1.8-9; 2 Co 11.3-4, 14-15). Mais discretamente, outros grupos consagram os comentários ou as interpretações de um líder, ou de um “corpo governante”, considerando-os intérpretes exclusivos dos oráculos divinos, mas esquecendo-se de que somente Deus é o intérprete infalível da Sua palavra (2 Pe 1.19-21; 1 Co 2.14-16; 1 Jo 2.21, 27). E, de modo ainda mais lamentável, e para maior perigo dos incautos e indoutos, há aqueles que, inescrupulosamente, alteram as próprias palavras do texto bíblico para acomodar seu entendimento numa bíblia que nada mais é que uma impostura, um simulacro da palavra de Deus.
III – A PRETENSA SALVAÇÃO DO SECTARISMO RELIGIOSO Não cabe a nós julgar a sorte dos indivíduos cooptados pelo sectarismo religioso, mas, por amor à verdade do evangelho e à luz dos pressupostos claramente heréticos apresentados nos tópicos anteriores, só podemos dizer que, enquanto confiarem nestas pretensões, eles não estarão apoiados em Cristo Jesus – único fundamento da salvação e da vida eterna. Senão vejamos: aquele que verdadeiramente ama a Cristo também ama a igreja, que é o Seu corpo – isto é, aqueles que confessam e vivem pelo evangelho; por amor à igreja, ao invés de romper ao menor sinal de desacordo, devemos antes lutar para preservar a sua unidade, mesmo que isto signifique travar terríveis batalhas (1 Jo 5.1; Ef 4.1-3). E, ao contrário do conhecimento salvífico, que consiste na graça do arrependimento dos pecados e no perdão de Deus revelado em Cristo Jesus e comunicado ao coração do homem pelo evangelho, a verdade que o sectarismo arvora muitas vezes contra as igrejas e denominações evangélicas é de natureza distinta – é o conhecimento que, como disse o apóstolo, incha, porque leva à divisão, à acusação e ao escândalo, e não à edificação (Lc 1.76-79; Jo 10.14; 14.6-7; 1 Co 8.2-3; Rm 14.13-14).
CONCLUSÃO O sectarismo presume que a obra de Deus possa ser impedida pelos homens, ao passo que a igreja de Cristo tem marchado por este mundo incontaminada e guardada contra o erro, não na aparência das instituições que se corrompem e se sucedem na história, mas no coração daqueles que verdadeiramente conhecem a Deus e o amam.
PARA USO DO PROFESSOR
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