001-A Chamada de Ezequiel - Ezequiel Lição 01[Pr Afonso Chaves]29jun2021
LIÇÃO 1
A CHAMADA DE EZEQUIEL
TEXTO ÁUREO: “E disse-me: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava”. (Ez 2.1-2)
LEITURA BÍBLICA: EZEQUIEL 1.1-3, 2.2-5, 3.7-9
INTRODUÇÃO Os três primeiros capítulos do livro de Ezequiel tratam do seu chamado para o ministério profético, incluindo sua visão assombrosa da glória de Deus, sua comissão para falar aos israelitas que estavam no cativeiro e a prevenção de que estes não seriam receptivos à sua mensagem. O objetivo desta primeira lição é estabelecer os fundamentos históricos e espirituais para a compreensão da profecia de Ezequiel.
I – O CONTEXTO DE EZEQUIEL (CAPÍTULO 1) Ezequiel é um profeta cujo ministério se deu nos primeiros anos do cativeiro de Judá. À semelhança de Jeremias, seu contemporâneo, ele profetizou aos filhos de Israel (representados então pelos descendentes das tribos que formavam o reino do sul e os remanescentes das dez tribos do norte que haviam migrado para lá). Mas, enquanto o filho de Hilquias ministrou entre o povo que havia permanecido em Jerusalém e experimentaria todas as agruras do cerco, e contemplaria a destruição da cidade e do templo, até finalmente debandarem para o Egito; o filho de Buzi foi o porta-voz do Senhor Deus para falar àqueles que, antes de tudo isso acontecer, já haviam sido levados cativos para Babilônia. Isto porque o cativeiro se deu em mais de uma etapa, começando nos tempos do rei Jeoiaquim, quando parte das riquezas do templo e um grupo de jovens da nobreza foram levados para Babilônia. Três meses depois, é a vez do próprio rei – agora Jeoaquim – “como também todos os príncipes, e todos os homens valoroso, dez mil presos, e todos os carpinteiros e ferreiros”, serem levados para se unir aos que já estavam na capital do império caldeu. E somente onze anos depois, sob o reinado de Zedequias, é que Jerusalém e o templo seriam destruídos e o cativeiro se completaria com a última leva de judeus, sobreviventes ao cerco (cf. 2 Cr 36.6-7; Dn 1.1-3; 2 Rs 24.10-16; 25.1-2, 8-11). Ezequiel está entre aqueles que foram levados para o cativeiro no tempo de Jeoaquim, e é justamente naquela circunstância de maior adversidade e desespêro que a palavra do Senhor vem ao sacerdote para enviá-lo aos seus companheiros de aflição. É a primeira mensagem que notamos na visão terrível e gloriosa que se descortina aos olhos do profeta, ali, junto ao rio Quebar: que Deus não era rei apenas em Jerusalém, onde podiam ver a Sua casa e o Seu ungido; mas, onde quer que o Seu povo estivesse, eles sempre O veriam assentado sobre o Seu trono e exercendo a Sua vontade. A visão em si apresenta detalhes difíceis de figurarmos em nossa mente, e que sem dúvida estão cheios de significado; mas, numa palavra, trata-se de uma visão da glória de Deus (cf. verso 28; Ez 8.4). Considerando apenas os elementos mais destacados da visão, o aspecto dos seres viventes – identificados posteriormente como querubins – nos faz pensar no fato de que Deus tem ao Seu dispor os servidores mais poderosos, eficientes e sábios em toda a criação para fazer cumprir os Seus propósitos (Ez 10.20; cf. 2 Sm 22.11; Ap 4.6-8). Quanto às rodas, não há nada claro nesta ou em outras passagens, mas elas reforçam a idéia de “movimento” e “vida” já expressa na menção do espírito animando todas as coisas, e podem também ser referidas à providência divina universal. Nenhum acontecimento neste mundo pode frustrar a vontade de Deus, antes tudo se dá em perfeita harmonia com os Seus propósitos – em outras palavras, o trono da soberania divina como que se move sem dificuldade, e ao mesmo tempo de forma terrível e assombrosa, sobre toda a terra. Mas é a descrição da absoluta excelência, pureza e magnanimidade do próprio Todo-poderoso que arremata a visão de uma forma tão impressionante que o profeta cai prostrado e pasmo, incapaz de continuar olhando.
II – A COMISSÃO E A CAPACITAÇÃO DE EZEQUIEL (CAPÍTULO 2) Há uma importante relação das palavras: “Então, entrou em mim o Espírito” com a visão do capítulo anterior, pois, a partir daquele momento, Ezequiel passaria a fazer parte da visão e, assim como os querubins e as rodas, para onde o Espírito fosse, ele iria, e quando o Espírito quisesse falar, ele falaria. Deveria ser motivo de alegria e esperança para os cativos poderem desfrutar da palavra de um profeta de Deus em terra estranha – de fato, um sinal de que não haviam sido abandonados por Deus. Mais ainda, considerando o que o Senhor havia dito sobre eles através de Jeremias, os cativos estavam em melhor situação do que os judeus que haviam ficado em Jerusalém, pois aqueles eventualmente se converteriam e desfrutariam das bênçãos de Deus (cf. Jr 24). Conforme ainda estudaremos, os judeus que haviam ficado na cidade podiam até se considerar privilegiados e menosprezar os que haviam sido levados para Babilônia, mas isto não passava de um orgulho carnal que, juntamente com suas idolatrias, traria sobre eles um juízo retumbante que serviria de importante lição para os cativos. No momento, porém, o Senhor diz que os filhos de Israel – aqueles mesmos que estão no cativeiro – são “as nações rebeldes que se rebelaram contra mim”; são filhos, mas “de semblante duro e obstinados de coração”. Muitos continuavam fomentando sua rebeldia contra o Senhor e não atinavam com o significado de toda aquela desgraça que havia se abatido sobre eles; muitos tinham esperança de um retorno rápido do cativeiro e não imaginavam que algo pior pudesse acontecer – e algo pior, muito pior, ainda aconteceria. Não é de admirar, portanto, que eles ouviriam Ezequiel de mau grado e até com indignação, enquanto não se cumprissem as suas palavras no cerco, e na destruição da cidade e do templo; então, e só então, saberiam que esteve no meio deles um profeta, e este seria o primeiro passo no caminho do arrependimento e da conversão do remanescente que estava no cativeiro.
III – A MENSAGEM DE EZEQUIEL (CAPÍTULO 3) O que o profeta vê na sequência sugere um ministério extenso e marcado por mensagens de juízo e castigo: “um rolo de livro... e ele estava escrito por dentro e por fora, e nele se achavam escritas lamentações, e suspiros, e ais” (Ez 2.10). Com efeito, a ira de Deus não havia se esgotado no cativeiro de parte da população de Jerusalém; a própria visão inicial sugere que Deus traria juízo e destruição desde o norte (era pelo norte que os caldeus adentravam a terra de Israel; cf. Jr 1.14-16; Ez 10.1-2; 43.3). Tal mensagem poderia soar extremamente afrontosa para um povo que se gloriava em ter a casa de Deus no seu meio (cf. Jr 7.4), daí a necessidade de o profeta ser espiritualmente fortalecido para não se abalar com qualquer intimidação da parte do povo. O próprio Ezequiel, como sacerdote que era, havia sido educado para ser compassivo e misericordioso com os fracos e pecadores, e por isso se sente pesaroso com a dura mensagem que precisa entregar. Então Deus abre os olhos do profeta para que ele entenda sua missão não como a de alguém que entrega uma mensagem, indiferente à sorte dos seus ouvintes; mas como a de um atalaia, que não apenas deseja ou zela pela segurança daqueles que dependem da sua atenção no alto da torre de vigia, mas que há de responder com sua própria vida por aqueles que se perderem caso seja negligente em cumprir o seu chamado.
CONCLUSÃO Ezequiel foi comissionado e capacitado por Deus para falar aos seus conterrâneos num período de grande adversidade. O profeta devia anunciar que Israel sofria em razão dos seus pecados e avisá-los de que o castigo não havia terminado. E, com grande pesar, ele sabia que teria de ver todas estas terríveis coisas se cumprindo primeiro para que aquele povo rebelde se arrependesse e, convertendo-se ao seu Deus, pudesse desfrutar das bênçãos de uma restauração gloriosa
PARA USO DO PROFESSOR
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