010-O Ano Sabático e o Ano do Jubileu - Levítico Lição 10[Pr Afonso Chaves]01dez2020
LIÇÃO 10
O ANO SABÁTICO E O ANO DO JUBILEU
TEXTO ÁUREO: “Fazei os meus estatutos, e guardai os meus juízos, e fazei-os; assim, habitareis seguros na terra. E a terra dará o seu fruto, e comereis a fartar e nela habitareis seguros.” (Lv 25.18- 19).
LEITURA BÍBLICA: LEVÍTICO 25.1-13
INTRODUÇÃO Na lição de hoje estudaremos a instituição de duas ocasiões especiais no calendário judaico: o ano sabático e o ano do jubileu. Veremos que, mais do que uma forma de dar à terra descanso e assegurar a liberdade e propriedade dos israelitas, eram formas de afirmar o direito do próprio Deus sobre a terra dada em possessão ao povo de Israel e de ensiná-los a confiar e depender de Jeová mesmo quando, depois de estabelecidos em Canaã, parecessem não mais estar em constante necessidade e perigo.
I – O ANO SABÁTICO (VV. 1-7) Como bem sabemos, o quarto mandamento havia sido estabelecido com o propósito de levar o homem a cessar de seus trabalhos e deixar seus interesses particulares no sétimo dia e voltar-se para Deus a fim de entrar no Seu descanso e reconhecer que não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Para inculcar ainda mais esta preciosa lição na mente dos israelitas, tudo aquilo que pertencesse ao homem ou sobre o que ele exercia o seu domínio – inclusive seus animais – deveriam participar desse sábado. E agora, numa provisão especial e adequada à natureza do objeto tratado, o Senhor institui um sábado para a própria terra de Canaã, onde os israelitas ainda seriam introduzidos e de onde derivariam o seu sustento. Conforme descrito nos versos em epígrafe, durante seis anos poderiam trabalhar normalmente, semeando e colhendo o fruto da terra; mas, durante o sétimo ano, não poderiam semear, nem podar, nem colher, dependendo exclusivamente daquilo que a terra produzisse por si só no seu sábado, sem trabalho humano (vv. 5-6). Notemos que a provisão divina seria abundante para lembrar ao povo o poder de Deus para sustentá-los e para estimular a caridade dos israelitas para com os os mais pobres e os estrangeiros (vv. 6), pois, ao prosperar materialmente Seu povo, Deus queria (e ainda quer), não que cada um acumule tesouros para si mesmo e “cerre suas entranhas” para com o próximo, mas que reparta com o que tiver necessidade (cf. 1 Jo 3.16-18; Ef 4.28). Consideremos ainda que certamente Deus também tinha em vista o cuidado devido com a terra, preservando através do repouso sua capacidade de continuar respondendo à semeadura e assim permitir que os israelitas permanecessem naquela terra “para sempre”. A lição particular que extraímos deste preceito, além daquela pertinente ao sábado, é que a terra é do Senhor e Ele a dá àqueles que n’Ele confiam, não aos mais fortes e soberbos que com violência e injustiça procuram assegurar sua existência nela. Quando estamos conscientes de que dependemos de Deus mesmo na abastança e quando tudo parece ir bem, não somos cegados pela vaidade dos bens materiais e, diante das imprevisíveis reviravoltas da vida, sabemos que a falta de tais coisas não pode abalar a firme posição em que Deus nos estabeleceu, conforme prometeu – nossa perpétua herança da terra, por assim dizer (Sl 24.1; 37.3; Mt 5.5).
II – O ANO DO JUBILEU (VV. 8-22) O ano do jubileu seria celebrado de cinquenta em cinquenta anos, a começar no Dia da Expiação; à semelhança do ano sabático, nele os israelitas não poderiam semear nem trabalhar a terra, dependendo daquilo que ela por si mesma produzisse (vv. 11-12) e de uma bênção sobre a colheita do sexto ano que seria suficiente para prover alimento até o oitavo ano, quando os israelitas poderiam semear novamente (cf. vv. 20-22). Mas, além disso, no primeiro dia desse ano, anunciado pelo toque da trombeta, seria proclamada liberdade a todos os moradores da terra. Esse era um evento extraordinário, onde cada um receberia de volta quaisquer propriedades que tivesse vendido ao seu próximo (v. 13), e todos os que haviam se tornado como que “escravos” deveriam ser postos em liberdade para voltarem às suas famílias (v. 10). Mais uma vez, através desse evento Deus proclama Seu direito tanto sobre a terra, os israelitas sendo meros mordomos ou inquilinos nela, não podendo dispor da sua herança perpetuamente (cf. v. 23), como também sobre o Seu povo, que Ele resgatou do Egito para serem perpetuamente Seus servos, e não de outros (cf. v. 55). Alguém poderia questionar a situação desvantajosa daquele que comprasse uma propriedade ao seu próximo em Israel; mas, além de tornar a herança um bem de que o proprietário poderia negociar, em caso de última necessidade, não há injustiça para o comprador, que já conheceria esta lei de antemão, e porque o próprio Deus estabelece uma regra de proporção para definir o valor da propriedade que variava de acordo com o número de anos que o comprador teria para desfrutar dela até o próximo jubileu, ficando os israelitas proibidos de aplicar preços desproporcionais a esse período de posse (cf. vv. 14-18). A mensagem principal do ano do jubileu é a de um tempo de liberdade para recomeçar, um novo começo para a vida, quitada dos seus antigos débitos e de volta em seu lar e em sua terra; e consideremos que isto coincidia com a purificação geral dos pecados comemorada no Dia da Expiação. Daí ser este um ano de jubileu – de alegria e triunfo. Sem dúvida, aqui encontramos uma referência figurada ao tempo proclamado por Cristo Jesus, no evangelho, como o “ano aceitável do Senhor” – o tempo em que é anunciada a salvação, a liberdade aos cativos e oprimidos pelo pecado e a entrada na posse do reino dos céus e na família de Deus (cf. Is 61.1-4; Lc 4.18-19; 2 Co 5.17, 6.2).
III – A LEI DO RESGATE E OUTRAS PRESCRIÇÕES (VV. 24-55) Dentre as circunstâncias definidas nesta passagem, queremos destacar o cuidado de Deus pelo bem estar dos seus filhos, ilustrado especialmente na lei do resgate. Tendo permitido que o israelita vendesse sua terra, caso tivesse necessidade, e determinado que ele a recebesse de volta no ano do jubileu, o Senhor ainda estabelece que os parentes do vendedor deveriam resgatá-la e devolve-la ao mesmo, caso a tivesse vendido como último recurso à pobreza. E, se não houvesse parente que pudesse resgatá-la, o próprio vendedor poderia comprá-la de volta, antes do jubileu, se eventualmente dispusesse do valor correspondente à terra. Um exemplo ilustre dessa situação temos em Rute e o simbolismo, tanto da lei aqui definida como do caso envolvendo Rute e Boaz, é o da obra de Cristo Jesus, que se fez carne para ser nosso parente e, com o preço inestimável da Sua própria vida, exercer o Seu direito de resgatar-nos da total ruína e perdição em que nossos pecados haviam nos afundado – por isso Sua obra é propriamente chamada de redenção, resgate (Sl 49.7-8; Mc 10.45; Cl 1.11-14; 2.13-14).
CONCLUSÃO Deus é o nosso provedor em todas as circunstâncias e aqu’Ele que nos preserva seguros em todas as calamidades, tanto do corpo como do espírito. Desfrutemos com gratidão e santidade das bênçãos com que Ele nos sustenta na bonança e aguardemos o Seu socorro e livramento quando em aflição, pois para aqueles que n’Ele confiam sempre haverá um ano de jubileu mais à frente.
PARA USO DO PROFESSOR
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