006-A verdadeira riqueza do cristão - Cartas Pastorais Lição[06Pr Afonso Chaves]04ago2020
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LIÇÃO 6
A VERDADEIRA RIQUEZA DO CRISTÃO
TEXTO ÁUREO: “Mas é grande ganho a piedade com contentamento.” (1 Tm 6.6)
LEITURA BÍBLICA: 1 TIMÓTEO 6.11-16
INTRODUÇÃO
Nesta última divisão da primeira epístola a Timóteo, refletiremos sobre uma das grandes tentações a que muitos cristãos – especialmente ministros do evangelho – estão expostos: a avareza, ou o amor ao dinheiro. Aqui encontraremos alertas àqueles que têm buscado as riquezas deste mundo como um fim em si mesmo, envidando todo o seu tempo e esforços nesse propósito vão e perigoso para a fé; e também conselhos para um viver de contentamento e bom uso das riquezas materiais, tendo em vista o acúmulo de um verdadeiro e muito mais seguro tesouro no céu.
I – CONSELHOS AOS SERVOS (VV. 1-2)
As recomendações do apóstolo aos servos parece estar relacionada ao assunto geral da sessão anterior, onde ele já havia tratado do que convinha a diferentes grupos de crentes na igreja; contudo, parecem ser mais adequadas como ensejo para todo o assunto seguinte. Ao contrário das viúvas e presbíteros, os servos não ocupavam uma posição especial na comunidade cristã, nem recebiam qualquer tipo de honra pela sua condição. É verdade que, por serem escravos, estavam expostos a possíveis abusos por parte de senhores ímpios, e o próprio apóstolo incentivou aqueles que tivessem oportunidade de se tornarem livres a aproveitar a ocasião. Mas a escravidão foi uma realidade que atravessou muitas eras da história humana, e somente cairia (pelo menos para se tornar algo menos comum e mais condenável) depois de profundas transformações culturais, sociais e religiosas na mentalidade dos povos. Apesar disso, Paulo explica que ser um escravo na carne não diminui o fato de que o cristão é um liberto de Cristo, no espírito (cf. 1 Co 7.21-22), nem o impede de glorificar a Deus pelo cumprimento da sua vocação neste mundo, na confiança de que, honrando e obedecendo sinceramente ao seu senhor, está honrando e obedecendo ao único e verdadeiro senhor de sua alma – Cristo Jesus (cf. 1 Pe 2.18-20; Ef 6.5-8). O ensino particular desta passagem é de que os senhores devem ser honrados por seus servos – e honra aqui significa obediência e dedicação sincera. E, se são cristãos, devem ser servidos ainda melhor, pois, além de continuarem sendo seus senhores na carne, também são irmãos no espírito, sendo tão especialmente amados por Deus como o são seus escravos crentes. Tudo isso tem relação com dois assuntos que serão desenvolvidos nos próximos tópicos, a saber: o cristão não deve se considerar injustiçado devido à sua condição social, mas antes valorizar o chamado de Deus, que o alcançou independentemente do seu estado ou vocação terrena; e, seja qual for essa sua condição, ele sempre será um servo – a sua glória diante de Deus não está em buscar engrandecimento e realização pessoal, mas em fazer o melhor uso possível do que tem para trazer benefício a outros.
II – A PIEDADE CRISTÃ E O CONTENTAMENTO (VV. 3-10)
Por certo o apóstolo tem em mente situações reais que podiam estar se verificando entre alguns servos da comunidade cristã – talvez atitudes precipitadas por falta de entendimento sobre a natureza da vocação cristã, ou mesmo incentivadas pelos discursos de obreiros ineptos tais como aqueles citados no começo da carta. De qualquer forma, ele reprova atitudes e palavras que expressam o desejo natural e pecaminoso do homem em buscar seus próprios interesses, em aproveitar-se para obter qualquer forma de lucro ou vantagem para si, como contrário à piedade, ou àquilo que Cristo Jesus ensinou, pela Sua Lições da palavra e exemplo, e legou como modelo a ser seguido pela Sua igreja. Nosso Senhor e Salvador abriu mão de todas as Suas legítimas prerrogativas e direitos como Filho de Deus para fazer a vontade do Pai, que era servir e dar a sua vida pelos pecadores, e em nada foi impedido por Sua humilde e até mesmo desprezada condição diante dos homens (cf. Mt 20.28; Is 53.1-12; Jo 13.13-17; Fp 2.3-8). Assim como antes ele havia recomendado o exercício da piedade como de grande proveito para o cristão; agora ele acrescenta que, juntamente com o contentamento, ou a capacidade de estar satisfeito e feliz com aquilo que se tem, a piedade representa uma grande benção espiritual. Notemos que não é errado trabalhar tendo em vista o lucro, porque este é o fruto daquele (cf. Gn 3.19; Ec 3.12-13; 2 Ts 3.10); mas é perigoso fazer do lucro um fim em si mesmo – ou querer ser rico, como aqui diz o apóstolo – como se o dinheiro fosse a garantia de uma solução definitiva para todos os problemas de ordem material. Com a sentença proverbial: “Porque nada trouxemos para este mundo e manifesto é que nada podemos levar dele”, ele resume o ensino amplamente ilustrado por nosso Senhor nos evangelhos, de que a busca por riquezas deste mundo geralmente indicam uma falta de confiança na bondosa providência de Deus, que tanto nos dá como tira, conforme o Seu agrado, aquilo que toda a riqueza deste mundo não poderia alcançar – a vida (Mt 6.19-34). Enfim, contentamento é um fruto da graça de Deus que todo cristão precisa aprender a desenvolver, como o fez o próprio apóstolo (cf. Fp 4.10-13).
III – A PIEDADE CRISTÃ E AS RIQUEZAS ESPIRITUAIS (VV. 11-21)
Paulo então se volta diretamente a Timóteo para exortá-lo a seguir o alvo mais elevado e supremo para o qual havia sido chamado: “toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado”. O homem de Deus pode estar condicionado às mesmas necessidades desta vida que seus semelhantes, e ter que lidar para supri-las para si e aqueles que dele dependem, mas deve ter cuidado com a inquietação, a ansiedade e resistir à tentação das riquezas. Seus maiores esforços devem ser aplicados na sua militância espiritual, na busca pela aprovação daqu’Ele que o alistou, em avançar até alcançar o prêmio ou o alvo da sua corrida (cf. 2 Tm 2.4-5; Fp 4.12-14). A exortação a seguir a piedade, e não as riquezas, é reforçada pela indicação da proporção imensurável da recompensa final, que se revelará na “aparição de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual, a seu tempo, mostrará o bem-aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver”. Ou seja, o que riqueza nenhuma acumulada neste mundo pode alcançar, será concedido àqueles que guardarem este mandamento até aquele dia. A partir de princípios já enunciados nos versos anteriores, Paulo orienta que seja recomendado aos irmãos materialmente mais bem providos que não se deixassem enganar pela vaidade das riquezas. Não que devessem abrir mão de tudo o que tinham, como o jovem cujo coração foi posto à prova quando Cristo lhe ordenou que assim o fizesse (Mt 19.16-22); mas é necessário que entendam que os bens deste mundo não são um fim, mas um meio para servir a Deus, isto é, servir ao próximo: “que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis”. A riqueza para o cristão é apenas um elemento que ajuda a definir sua vocação neste mundo – vocação que, cumprida, lhe assegurará uma verdadeira riqueza para com Deus, agora e na eternidade (Pv 22.2; Ef 4.28; Lc 16.9-25). A epístola se encerra com um último alerta contra a influência corruptora do que Paulo chama de “falsa ciência”, pois somente a doutrina divina da piedade, que ele acabara de expor, tem a virtude de gerar e preservar a fé, não podendo subsistir quando filosofias humanas tomam o lugar devido à sã doutrina nos corações dos homens.
CONCLUSÃO
A riqueza não é um mal em si mesmo, mas, como um bem concedido por Deus aos Seus filhos, seja em que medida for, deve ser administrada com sabedoria, visando o benefício de nossos irmãos e assim a glória de Deus.
PARA USO DO PROFESSOR
AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.
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APOIO
Rede Grata Nova de Evangelização
Rádio Net Grata Nova
Fundada em 29 março de 2009 por Moisés Moreira
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