002-Os primeiros sinais - Evangelho do Apóstolo João - Lição 02[Pr Afonso Chaves]09jul2019


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LIÇÃO 2 
OS PRIMEIROS SINAIS 

TEXTO ÁUREO: “Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.” (Jo 2.11). 

LEITURA BÍBLICA: JOÃO 2.1-11 

INTRODUÇÃO
O Evangelho de João relata bem poucos milagres de Jesus, ainda que a maioria deles seja inédita nos outros evangelhos. Isto porque o propósito desse evangelista não é provar que Cristo operou muitos milagres – os quais ele mesmo admite serem tantos que não poderiam ser contados na sua totalidade. Os prodígios escolhidos para fazer parte desta obra possuem um profundo significado, que como “sinais” indicam claramente que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus. 

I – A TRANSFORMAÇÃO DA ÁGUA EM VINHO (VV. 1-11) 
 O primeiro milagre relatado neste evangelho aconteceu logo no início do ministério de Cristo, alguns dias depois de ter reunido Seus primeiros discípulos na Judeia, onde João batizava. Em Caná, uma cidadezinha da Galileia próxima a Nazaré, ocorria uma festa de casamento – umas bodas – da qual participava a mãe de Jesus e para a qual Ele também foi convidado, juntamente com os discípulos. Ocorre que, durante o banquete, acaba o vinho. Na sequência, as palavras trocadas entre Jesus e Sua mãe indicam que ela esperava que Ele manifestasse a Sua glória nesta ocasião, revelando a todos quem realmente era. Mas a expressão: “Mulher, que há entre mim e ti?”, embora não seja desrespeitosa, denota que Maria não podia se valer de sua relação maternal com Jesus para alcançar o milagre. E, ainda que Cristo não tenha negado atender ao pedido, não seria para que Ele se tornasse manifesto ao mundo, pois, como disse também: “Ainda não é chegada a minha hora”. Tanto aqui como em outras ocasiões neste evangelho, por esta palavra o Senhor se refere ao momento crucial da Sua morte, quando seria glorificado pelo Pai, tornando-se a causa da salvação de todos os que creem (Jo 12.23-24, 32-33). À primeira vista, a ocasião do milagre parece inusitada: uma festa de casamento. Enquanto João “não comia nem bebia”, Cristo não só participou de um banquete, mas assinalou-o com um milagre, tornando-se para os discípulos a figura principal daquelas bodas. O impacto desse prodígio sobre a fé deles pode ser explicado, em primeiro lugar, pela abundância do que foi produzido: Jesus mandou encher de água seis talhas – que, pelos cálculos modernos, totalizariam entre 480 e 720 litros! Dessas talhas os servidores poderiam tirar vinho da melhor qualidade para os convidados até à saciedade. Sem dúvida, a impressão causada foi a mesma que no milagre da multiplicação dos pães e peixes (Jo 6.14) e na pesca abundante (Jo 21.5-7a). Mas o significado deste milagre ganha contornos ainda maiores quando analisado à luz do contexto histórico e da profecia. Depois de muitas gerações de desobediência a Deus, que resultaram em secas, doenças, miséria e fome sobre a sua terra, os israelitas nutriam a expectativa de que o reino do Messias seria um reino de fartura, alegria e glória – de fato, uma grande festa de casamento onde o Senhor seria o esposo e Israel, a esposa. Ora, para que os seus discípulos entendessem que este tempo havia chegado foi que João usou a figura do “amigo do esposo”, referindo-se a ele mesmo, e do “esposo”, “aquele que tem a esposa”, referindo-se a Cristo. E notemos que Jesus confirma este testemunho, ao responder à dúvida desses mesmos discípulos: “Podem porventura os filhos das bodas jejuar enquanto está com eles o esposo?” (Mc 2.19), referindose ao tempo em que estava presente entre eles. É pelo mesmo motivo que o reino de Deus no presente é comparado a uma festa de casamento, ou a um banquete (Lc 14.15-24). É evidente que esse reino, sendo espiritual, não consiste em comida nem bebida (Rm 14.17), mas, através de milagres que matavam a fome e saciavam a sede, trazendo alegria e satisfação aos homens, Jesus demonstrou ser aqu’Ele que podia fartar suas almas com o verdadeiro alimento e a verdadeira bebida, para a vida eterna. 

II – A PURIFICAÇÃO DO TEMPLO (VV. 12-22) 
De volta à Judeia, desta vez encontramos o Senhor Jesus presente em Jerusalém por ocasião da páscoa. Esta é a primeira de três páscoas de que Ele participará (sendo que somente a última é relatada nos evangelhos sinóticos). Podemos já conhecer o episódio narrado nestes versos através dos outros evangelhos, mas aqui existem diferenças significativas. A pretexto de atender às necessidades materiais daqueles que chegavam a Jerusalém para adorar a Deus, muitos vendilhões e cambistas haviam se instalado no pátio do templo, contaminando aquele santo lugar com a sua vil ganância (Mc 11.15-17). Cristo adentra o recinto e, num ato que impressiona a todos, expulsa de lá os comerciantes e suas mercadorias, como que purificando e devolvendo a dignidade devida à casa de Deus. Essa demonstração de zelo não só é lembrada pelos discípulos como cumprimento da palavra profética: “O zelo da tua casa me devorou” (Sl 69.8-9); os próprios judeus parecem ter entendido a importância do ato de Jesus, pois pedem d’Ele uma demonstração de autoridade – um sinal, pois somente o Messias poderia purificar a casa de Deus e restaurá-la à sua glória (Ag 2.6-9; Ml 3.1-3). Mas, ao invés de dar o que eles pediam, o Senhor os desafia: “Derribai este templo, e em três dias o edificarei”. Ainda que tais palavras tenham escandalizado os judeus (e mais tarde usadas para acusar falsamente a Cristo), João explica que somente após a ressurreição é que os discípulos entenderam que Jesus se referia ao Seu próprio corpo como templo de Deus. Entendemos, então, que o sinal aqui relatado por João está na própria purificação do templo. Se Cristo pode purificar um templo de pedras contaminado pelos homens, Ele também pode edificar um novo templo, não mais corruptível como o de Jerusalém, mas incorruptível, em Seu próprio corpo ressuscitado, para congregar em torno de Si todos os verdadeiros adoradores e filhos de Deus (Jo 11.51-52). 

III – REAÇÕES AOS SINAIS DE JESUS (V. 23-25) 
Pudemos perceber um contraste entre as reações ao primeiro e ao segundo sinal aqui relatados. Os discípulos viram a glória de Cristo no milagre e foram confirmados na sua fé, enquanto os judeus se escandalizaram e não creram. Mas agora João apresenta uma terceira situação, que para alguns pode parecer intrigante: “Muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles”. É preciso ter cuidado com o sentido aparente da expressão “crer no seu nome”, nesta e em outras passagens deste evangelho. Muitos dos judeus não se escandalizavam nem rejeitavam abertamente a Jesus, estando convencidos de que Ele devia ser um profeta de Deus, ou até mesmo o Cristo (Jo 7.31, 40-43). Mas somente o Senhor podia discernir neles uma fé contaminada pela malícia, interesse próprio e dúvidas, que facilmente cederia ante as pressões ou paixões do mundo (Jo 12.42-43). A razão da verdadeira fé, pela qual o homem vê no milagre exterior o sinal que revela a glória divina de Cristo Jesus, será então o próximo assunto do evangelista, que estudaremos na próxima lição. 

CONCLUSÃO
João escreveu um evangelho de sinais, revelando uma profunda mensagem por trás da aparência visível dos milagres operados de Cristo. Ao contrário de muitos que se deleitavam apenas no benefício físico ou material que esses prodígios proporcionavam, que o nosso interesse maior seja por conhecer e entender realmente quem é Jesus Cristo e qual é a verdadeira natureza da obra que Ele veio realizar por nós. 

PARA USO DO PROFESSOR


AUTORIA
Comissão da Escola Bíblica Dominical das Assembleias de Deus Ministério Guaratinguetá-SP.


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